Poucas palavras:

Blog criado por Bruno Coriolano de Almeida Costa, professor de Língua Inglesa desde 2002. Esse espaço surgiu em 2007 com o objetivo de unir alguns estudiosos e professores desse idioma. Abordamos, de forma rápida e simples, vários aspectos da Língua Inglesa e suas culturas. Agradeço a sua visita.

"Se tivesse perguntado ao cliente o que ele queria, ele teria dito: 'Um cavalo mais rápido!"

domingo, 16 de outubro de 2011

DECIFRA-ME OU TE DEVORO: QUESTÕES RELATIVAS À HABILIDADE ORAL DA LÍNGUA INGLESA.


Bruno Coriolano de Almeida Costa[i]

Já viveu essa situação? Você passa anos estudando um idioma; investe muito dinheiro e tempo em cursos de inglês e ao final não se sente confiante para falar a língua no momento em que é solicitado? Mas por que isso acontece? Você provavelmente foi mal preparado para o uso da língua. Deve ter sido bombardeado com palavras e frases feitas que não fazem sentido em determinados momentos.

Ao longo de diversos anos de ensino da língua inglesa, pude notar que muitos alunos passam anos estudando inglês, às vezes até dez anos em determinados cursos, mas ao se depararem com situações onde deveriam mostrar desenvoltura na comunicação, os mesmos se mostram inseguros e não conseguem desenvolver a competência linguística que os cursos prometeram. Qual a explicação para isso? Vejamos as próximas linhas.

O que acontece é que o inglês dos cursos (inglês adaptado) nem sempre representam o inglês do dia-a-dia (inglês real). Explico melhor – em sala de aula existe a tendência de o professor falar mais pausadamente; mais devagar e repetir diversas vezes a mesma coisa, seja frase, expressão ou palavra. Muitas vezes, aprendesse termos agrupados em conjuntos cujas palavras nas frases parecem estar agrupadas com espaços. Daí a impressão de que os nativos falam rápido. Na verdade, eles falam de forma normal, o problema é que o ouvido do aluno não está preparado para entender. Estudos sobre o ensino de línguas estrangeiras mostram que isso – o falar pausado em sala de aula – pode até ser benéfico em curto prazo, mas não em longo prazo. Por quê? Porque o aluno se acostuma com um ritmo “artificial” da língua e quando tem a oportunidade de falar com um nativo, ou alguém com um ritmo mais acelerado, ele se sente impotente por, muitas vezes, não entender nada do que foi dito. SOLUÇÃO: ouvir bastante músicas e assistir diversos filmes ou séries em inglês com legendas em inglês.

Na verdade, as escolas podem estar pecando por permitir que alguns mitos sobre o aprendizado da língua sejam criados. Os alunos confundem sucesso em compreensão com compreensão total. Não é difícil ouvir um aluno dizer, no momento de alguma atividade de listening (traduzo aqui como atividade auditiva), “não entendi nada” quando na verdade ele quer dizer “não entendi tudo”. O aluno não precisa entender cada palavra do que é dito para se comunicar. Isso ocorre em português também: nem sempre entendemos tudo, mas, às vezes, apenas o final de alguma frase e logo respondemos, à situação em que estamos inseridos, prontamente sem prejuízo na comunicação. SOLUÇÃO: tentar entender a situação por completa; tentar responder a situação através da resposta imediata.

Muitas vezes, algumas metodologias, assim como alguns professores, falham por não reverem suas práticas. Uma aula de inglês de 1990 não pode ser dada da mesma forma que em 2011. O mundo mudou, assim como a forma que nos comunicamos. Algumas escolas parecem estar testando os alunos, não os ensinando (testing, not teaching). Os estudantes são testados no sentindo de serem treinados a lembrar-se das informações; não ensinados a responder na hora, como acontece em situações reais do cotidiano.  

Outro fator que pode atrapalhar o desenvolvimento do aluno de idiomas é o material de apoio como livros, CDs, DVDs e aparelho de áudio com péssima qualidade, onde o aluno não conseguiria entender uma frase até mesmo na sua língua materna. Muitos livros didáticos já estão ultrapassados e não mostram situações relacionadas ao mundo em que vivemos hoje. Essa é uma questão importante: o material didático precisa mostrar situações do cotidiano onde o aluno possa negociar o entendimento por meio da interação. Aqui reside um problema: algumas escolas produzem seu próprio material, o que matem a escola funcionando, mudar para outro “melhor” seria prejuízo na certa. SOLUÇÃO: sempre complementar os estudos com material encontrado na internet e/ou outros livros-texto.

Para finalizar, esclarecemos aqui que não existe tempo especifico para aprender outra língua, toda e qualquer pessoa tem seu próprio ritmo, mas passar cinco ou dez anos estudando e não aprender a falar um idioma é desperdício de tempo e dinheiro. Em um período como esse; qualquer um, com dedicação, poderia se comunicar tranquilamente em dois ou três idiomas. Língua é uma ferramenta de comunicação social. Para aprender, além de dedicação, é preciso interação e motivação.

Observação: o texto não tem a intensão de apontar nenhuma escola de línguas como culpada por qualquer desempenho negativo dos alunos. No mesmo, apontamos possíveis causadores de atrasos no sucesso do aprendiz e apontamos sugestões para um melhor desempenho. Peço que se encontrar algum equivoco ou se tiver alguma sugestão, entre em contato pelo e-mail.



[i] Professor, estudante e pesquisador de Língua Inglesa como língua estrangeira.
brunocoriolano@zipmail.com.br
Blog: www.portaldalinguainglesa.blogspot.com

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