André Riceliano |
A entrevista dessa semana é com o Inquieto pesquisador e professor de inglês e torcedor do Sport Recife. André Riceliano. O mesmo fala do interesse pela pesquisa, como começou o interesse pelo ensino/aprendizagem de idiomas e do projeto que criou: MISS- Método de Inglês Sem Stress.
Conheci o André em Recife durante um congresso dos estudantes de Letras e tirei minha ideia para a monografia quando participei de um dos minicursos onde o mesmo era o ministrante. De lá para cá fiquei tentando, sem sucesso, imitá-lo. Minha monografia envolveu o ensino/aprendizagem de língua inglesa por meio da Música, mesma temática do MISS.
Tenhamos todos nós uma ótima leitura. Recomendo bastante a leitura das entrevistas.
Poderia fazer um breve resumo de sua vida acadêmica e profissional? Quando e como decidiu ser professor? Por que escolheu inglês?
Em Surubim-PE, por influência do cinema e da música em língua inglesa, comecei a transformar meu “embromation” em estudo. Logo, comecei a trabalhar na adolescência dando aulas particulares (dado a imensa carência de professores, principalmente de língua inglesa, e mais principalmente ainda no interior). Cheguei a ser chamado para dar aula numa escola pública estadual em Santa Cecília-PB, sem nem mesmo estar cursando uma graduação. Dessa forma, a opção por Letras veio como consequência das inquietações sobre ensino/aprendizagem, sobre o material didático, sobre as políticas educacionais que me cercavam. Na UPE as inquietações se transformaram em pesquisas independentes da universidade; assim viajei o Brasil nos encontros de estudantes de Letras (ENEL e EREL) com minhas pesquisas; passei por várias instituições de ensino privado e público; fiz pós-graduação em Linguística Aplicada ao Ensino de Língua Inglesa como segunda língua na FAFIRE. Atualmente sou professor de língua inglesa das redes municipais de Paudalho e Recife e estou cursando Maestría en Educación na USAL em Buenos Aires na Argentina.
Quais os planos para o futuro em relação à vida profissional?
Pretendo seguir minha carreira acadêmica terminando o mestrado e doutorado; somar o máximo possível de experiência prática e conhecimento teórico para ingressar na docência universitária e publicar trabalhos sobre meus estudos. Uma busca se torna uma realização profissional e pessoal ao ajudar outras pessoas a buscarem suas realizações.
Você criou um Método de Ensino de Línguas chamado MISS - Método de Inglês sem stress. Como surgiu a ideia do mesmo?
A partir do meu ponto de vista como aluno tão inserido no meu ponto de vista como professor/pesquisador. Comecei a ouvir mais; fiz uma pesquisa de campo sobre os principais problemas de ensino/aprendizagem com alunos, entorno de 600 indivíduos incluindo jovens e adultos, e professores. Com esses dados, comecei a estudar sobre estresse em sala e seus fatores: os papéis e a relação do professor/aluno; memorização; fonética e abordagens de ensino. Por fim, desenhei uma proposta metodológica para jovens e adultos baseada nesse estudo. Um método pensado nas pessoas que não têm contato com a língua inglesa, que não são influenciadas, que acabam não adquirindo referencial (conhecimento de mundo) suficiente para auxiliar no aprendizado nos métodos mais comuns. Assim nasceu o MISS – Método Inglês Sem Stress.
Quais os maiores desafios para alguém que deseja ser professor de inglês na região onde você mora?
Minha situação é um pouco diferente, eu moro em três cidades, Recife, Paudalho e Surubim (PE) e vivo quase dois dias em cada uma, um na capital e os outros no interior, no município de Paudalho e também sou tutor presencial de um curso a distância no Polo de Surubim (onde nasci) pela UFPE, Letras Espanhol. Assim eu tenho uma visão das duas situações: na região metropolitana do Recife a maior dificuldade é a dura realidade dos alunos de escola pública no seu contexto de muita violência e banalização dos valores familiares que acaba se refletindo em sala de aula com agressividade, desrespeito e desatenção. Além, é claro, do pouco caso sobre políticas educacionais por parte dos gestores públicos. No interior o pessoal é bem mais respeitoso, porém são bastante “desantenados”, o que requer outros pensares pedagógicos. Em todo caso, essa é a nossa missão como professores: encaminha-los a novos horizontes; é como rapadura, doce e duro.
Quando se trata de Ensino de Inglês para fins específicos (inglês instrumental), para vestibulares e testes, você sente dificuldade em encontrar material na área?
Sim. Acabo usando minha experiência em produzir material e somado ao que encontro na internet e em minha biblioteca caseira para criar dentro do possível um material de acordo com as necessidades do educando e meus objetivos.
Como você avalia sua formação universitária e o mercado de trabalho que encontramos assim que terminamos a licenciatura?
Bem, minha formação acadêmica deixou muito a desejar no que diz respeito à pesquisa. Acabei fazendo isso por minha conta o que me rendeu uma formação com uma grande lacuna na área de pesquisa científica, o que tento compensar com a pós-graduação (especialização e mestrado).
Você acredita que a procura por cursos de inglês deve aumentar nos próximos anos devido aos eventos que o país sediará?
Sem dúvida que sim, mas isso me preocupa. Com a quantidade de interessados em aprender idiomas em alta, em muitos casos cai a qualidade; pode se aplicar isso em todas as esferas de ensino. De fato só vai ter oportunidade quem já está se preparando há um bom tempo ou aqueles que conseguirem otimizar seu aprendizado com muito esforço e recursos alternativos de estudo para diferenciar e melhorar seus resultados de aprendizado. Temos que lembrar que com mais pessoas tentando aprender Inglês, temos mais pessoas querendo lucrar com isso, e consequentemente muitas das formas de ensino ofertadas (ou ditos professores) serão de baixíssima qualidade. Enquanto uns lucram com isso outros se frustram por acharem que não aprendem por não serem capazes. Isso sim é um prejuízo.
Como é sua vida em sala de aula? Você desenvolve algum tipo de trabalho envolvendo a participação de professores de outras disciplinas?
Infelizmente a realidade de escola pública por onde trabalho não é favorável, sendo até limitadora e já estou fazendo milagre quando consigo dar minha aula normalmente. Quando me convidam eu participo de projetos interdisciplinares, até mais com minha opinião na elaboração e execução dele, do que com a disciplina de língua inglesa propriamente.
Conte alguma situação inusitada vivida em sala de aula.
Certa vez, no meu começo de carreira, estava praticando oralmente o verbo to be com a turma e eu fazia individualmente uma pergunta diferente: - Are you short? E algum dizia: - No, I'm not. I'm tall. E quando eu estava na metade da turma, perguntei a uma loirinha: - Are you blond? E ela sem demora: Are you blind? “...” Daí em diante, comecei a repensar criticamente tudo sobre ensino e comecei minha jornada de pesquisa com um livro que eu indico: “Aprendizagem Significativa” de David Paul Ausubel.
Muito obrigado pela participação. Qual mensagem você deixaria para as pessoas que estudam ou ensinam a língua inglesa?
Para os que estudam, lembrem-se de serem felizes, de se divertirem, de ter prazer com o que você faz, pois existem muitas formas legais de praticar e aperfeiçoar seu inglês não só com a internet.
Para os que ensinam, mais amor no que vocês fazem, pois, o amor na profissão desencadeia uma série de coisas que só vão trazer melhoras: Curiosidade, criatividade, perseverança, eficiência e assim por diante.
André também é compositor. Confiram seus trabalhos no YouTube: http://www.youtube.com/watch?v=MNka1p7IZlo
André também é compositor. Confiram seus trabalhos no YouTube: http://www.youtube.com/watch?v=MNka1p7IZlo
Se você quiser acompanhar mais entrevistas, veja quem já passou por aqui:
Gerson Oliveira, professor de língua inglesa no estado do RN.
Se você é professor, estudante, tradutor, interprete ou apaixonado pela língua inglesa e quer ser entrevistado, entre em contato com o blog. Pelo e-mail: brunocoriolano@zipmail.com.br ou pelo próprio blog.
2 comentários:
Ótimo espaço. Depois de uma viagem ao exterior percebi o quão importante é falar outro idioma. No meu caso não foi a língua inglesa, mas o espanhol. Por sorte é possivel entender um pouco (difernete do inglês).
Ola grande Bruno,
Ja coloquei sim fotos de Sr. Vicente Maia no quadro tunel do tempo, depois vou ver se trago novamente pra vc ver.
Abraco
Janio Duarte
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