PROFISSÃO PROFESSOR: HISTÓRIAS DOS PROFESSORES DE
LÍNGUA INGLESA.
A entrevista dessa semana é com o professor Rafael Medeiros. Nessas curtas mensagens, o professor
faz diversas análises do ensino de idiomas no nosso país, compartilha um pouco
da sua história e nos fala das dificuldades em relação ao ensino da língua
inglesa na região onde atuava.
1.
Poderia fazer um breve resumo de sua vida acadêmica e profissional?
Eu sou professor de inglês há mais ou menos cinco anos. Comecei minha
carreira como monitor e galguei posições ate chegar a professor. Lecionei
inglês por cinco anos no Yazigi Natal. Nesse meio tempo me formei em Letras – Português,
Inglês e Literatura pela Universidade Potiguar. Em 2010 abri um escritório de
aulas particulares junto a um colega e amigo de trabalho e iniciei meu outro
lado, e um dos que mais me influencia até hoje, que é o de professor de English for Specific Purposes (ESP). Este ano, 2012, deixei tudo de
lado para fazer mestrado em Teaching
English as a Foreign or Second Language (M.Ed in TESFL) na Simon Fraser
University (SFU), em Vancouver, Canada.
2.
Quando e como decidiu ser
professor e Por que escolheu lecionar inglês?
Na verdade, a escolha foi um tanto conturbada. Em 2006, depois de
chegar de um intercambio em Vancouver, Canada, entrei na faculdade para cursar
Sistemas de Informação. Porem, 1 ano e meio depois, percebi que aquilo não era
pra mim, não tinha como eu continuar naquela universidade; naquele curso.
Tranquei o curso e passei 2 semanas sem saber o que fazer da vida. Ai foi onde
veio o dilema e a decisão. Eu sempre me perguntava o que eu sabia fazer de bom
que me poderia render um emprego. E a conclusão foi que eu era um bom falante
da língua inglesa. Portanto, deveria ingressar no curso de Letras. Ao mesmo
tempo, como aluno no Yazigi Natal, fui chamado para ser monitor de aulas por
ser um dos alunos com certo diferencial na sala de aula. Aceitei o emprego. Dai
minha vida foi iniciada. Desse dia em diante, sei que escolhi a profissão certa
e sei que estou nela porque amo o que faço.
BRAZ-TESOL 2012 NATAL. |
3.
Quais os maiores desafios para alguém que deseja ser professor de
inglês na região onde você mora?
Hoje em dia moro no Canada, mas falarei de Natal, pois estive mais
tempo na cidade. Com certeza, o primeiro desafio e como a sociedade vê o
professor. E essa visão não é nada boa. O professor, no Brasil, é um
profissional altamente desvalorizado e diminuído, o que caracteriza uma péssima
relação com outras profissões. Em Natal, porém, outra dificuldade é a falta de
empregos de qualidade para professores de língua inglesa. O Natalense ainda
entende nossa profissão como um hobby e não dá o valor necessário ao professor
de inglês. Ainda se acredita na falácia de que um amigo que foi fazer
intercambio pode traduzir qualquer coisa e que ele também pode dar umas
aulinhas de inglês. Quanto mais informal você for, mais terá sucesso. PROFISSIONALISMO
PARECE SER ALGO QUE NÃO CONDIZ COM A PROFISSÃO NOS OLHOS DA SOCIEDADE.
Especialização em Língua Inglesa. |
4.
Quais os planos para o futuro em relação à vida profissional?
Hoje, como já falei, estou cursando mestrado. Depois do mestrado,
pretendo dar entrada no meu PhD, na mesma universidade que estou, ou em outra
qualquer que me aceite. Meu objetivo e virar um palestrante internacional e um
acadêmico de peso.
5.
Qual a importância de aprender uma língua estrangeira hoje em dia?
Como todas as teorias já dizem e redizem, INGLÊS É UMA LÍNGUA FRANCA E INTERNACIONAL.
E esse status é o que mantem a importância da língua. Ser falante de inglês
significa possuir um maior status socioeconômico. Significa ter mais acesso a
informações que correm pelo mundo. Inglês transforma pessoas comuns em cidadãos
do mundo, parte de um mundo que domina.
Mestrado (Canadá) |
6.
Como é o Rafael Medeiros em sala de aula? É difícil ser professor ou
você leva numa boa?
Ser professor pra mim é a melhor coisa do mundo. Não há profissão mais
altruísta do que a do professor. Se relembrarmos que o aprendizado de uma
língua é para a vida toda, para o professor é mais importante ainda. SOMOS UMA
MÁQUINA INCESSANTE DE APRENDIZADO E DE ENSINO. E isso torna nosso
trabalho gratificante e valioso. Aprendemos cada vez mais para ensinar e capacitar
nossos alunos para libertá-los.
Eu costumo dizer que a sala de aula pra mim e uma piscina de
eletricidade. Quando eu entro, mudo de 110 v para 220 v e me transformo. Passo
de passivo para ativo. E espero que com isso, meus alunos se tornem pessoas
mais ativas em seus mundos. Eu sempre prego que o exemplo e o melhor
ensinamento, portanto, tenho que me adaptar a sala de aula e mostrar aos meus
alunos como as coisas devem ser.
7.
Como você avalia o ensino de línguas estrangeiras no Brasil? É
satisfatório?
Infelizmente, no Brasil o ensino regular em relação ao ensino de inglês
é péssimo. Não adianta tentar mascarar o que acontece. PREPARAR UM CURRÍCULO ESCOLAR BASEADO NUM EXAME
DE ADMISSÃO DE UNIVERSIDADES NÃO É NADA DO QUE SE ESPERA DE UM PROFESSOR DE
LÍNGUA INGLESA. Enquanto o mundo inteiro se globaliza focando em
coisa bem mais importantes, nós ainda focamos em testes e exames que sabemos
que não medem nada, além de frustração e desapontamento. Como pode um país que
tem ensino de língua inglesa desde a infância possuir tão poucos falantes? E
sem dúvida, um tanto quanto contraditório! Estamos pregando algo que vai contra
a maré, nadando para algo que nem faz sentido. O ensino escolar e tão
insatisfatório que gera milhares de cursos particulares de inglês. Tantos deles
que são encontrados em cada esquina. Eles são o melhor exemplo de como o nosso
sistema não funciona e está errado.
TEFL/TESOL |
8.
Conte alguma situação inusitada vivida em sala de aula.
Não tem coisa mais engraçada no mundo do que uma situação inusitada em
uma sala de aula. E dessas, eu tenho muitas. Não vou usar nomes nem me referir
a locais. Como nessa vida de professor trabalhamos com o mais variado tipo de
gente, acabamos nos expondo a vários tipos de situações, das mais
constrangedores às corriqueiras. Uma das mais constrangedoras que já passei foi
quando eu dava aula individual a uma aluna que usava seu corpo como objeto de
trabalho. Em uma das atividades que estávamos fazendo, surgiu a pergunta “What do you like to do when you are alone?”.
Sem titubear, a aluna olha pra mim e diz “Ah,
teacher, masturbation”. E claro, nesse momento não há nada o que fazer a não
ser prosseguir para a próxima pergunta.
9.
Qual mensagem você deixaria para as pessoas que estudam ou ensinam a
língua inglesa?
NUNCA
ESQUEÇAM QUE O ENSINO OU APRENDIZADO DE UMA LÍNGUA E UM PROCESSO PARA A VIDA
TODA. Ele nunca acaba. Quer você goste ou não. Ate
mesmo na nossa língua mãe, estamos sempre aprendendo coisas novas, seja em uma
velocidade mais rápida ou mais lenta. Não há como dominar uma língua em um
curto espaço de tempo.
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