Para as minhas
próximas aulas da disciplina de Tradução I (disciplina optativa de
carga-horária de 30 horas) na Universidade, decidi levar algumas questões de
concursos para tradutores e interpretes para que os alunos possam tentar respondê-las
e analisá-las.
Embora na maioria das
vezes as provas consistam de uma prova escrita e uma prova oral, caso de provas
para tradutor juramentado, como citou Fábio M. Said, na revista TRADUÇÃO &
LINGUAGEM (edição especial da Revista Portuguesa), elas parecem variar muito
de instituição para instituição. Geralmente tais provas sempre apresentam o
mesmo padrão: fazer traduções do português para o idioma estrangeiro (chamada
de “versão”) e outra do idioma estrangeiro para o português.
Aproveito a ocasião para
falar algumas curiosidades sobre os tradutores, mais especificamente sobre os
mitos mais comuns sobre a tradução juramentada.
·
Tradutor público é não é, ao contrário
do que muita gente pensa, funcionário público;
·
Tradutor público não tem clientela
garantida;
·
Tradutor público não traduz apenas
documentos jurídicos;
·
E nem todo tradutor público é formado
em Direito. Para falar a verdade, nem existe uma regulamentação sobre a
profissão;
·
Tradutor público não é nomeado pelo
consulado do país estrangeiro; ele faz concurso público para, digamos, receber
a denominação de Tradutor Público e Intérprete Comercial (TPIC).
Essa foi questão
de concurso para tradutor-interprete da Universidade Federal de Santa Maria, em
2012.
A
seguir, marque a alternativa que contém a versão correta.
“A
professora Kate James é inglesa e obteve sua graduação em francês e russo na
Faculdade de Estudos Europeus em Londres. Desde então ela vive na França onde
ela ensina Inglês como Língua Estrangeira e Tradução”.
(James, K. Translation Journal.
2002).
a.
Ms. Kate James is English and has obtained her degree in French and
Russian at the School of European Studies in London. Since then, she lives in
France where she teaches English as a Foreign Language and Translation.
b.
The teacher Kate James is English and has obtained his graduation in French
and Russian in the Faculty of European Studies in London. Since then, she lives
in France where she teaches English as a foreign language and translation.
c.
Professor Kate James is English and obtains his graduation in French and
Russian at the School of European Studies. Now lives in France where she
teaches English as a Foreign Language and Translation.
d.
Kate James is a Russian teacher who teaches English as a Foreign
Language and Translation at the School of European Studies in London.
e.
Ms. Kate James is an English high school teacher in Russia where she
teaches French and Translation.
Questão da
prova de tradutor-interprete/inglês da UFRPE de 2012
Which of the following alternative translations of the
text below is the correct one?
Texto T3
Se Dante acrescentasse mais um
círculo aos nove que colocou no inferno de sua Divina Comédia, ele seria
reservado às
estatísticas oficiais.
(J.R.
Guzzo. Revista Veja,
11 de abril de 2012.)
A) If Dante added one more circle to the nine he
presented in the hell of his Divine Comedy, it would be reserved for official
statistics.
B) If Dante could add one more circle to the nine ones
he put in the hell of his Divine Comedy, it would be reserved to official
statistics.
C) If Dante adds one more circle to the nine he
presented in the hell of his Divine Comedy, it will be reserved for official statistics.
D) If Dante had added another circle to the nine he
presented in the hell of his Divine Comedy, it would have been reserved to the
official statistics.
E) If Dante could have added another circle to the
nine he put in hell of his Divine Comedy, it would have been reserved for
official statistics.
Vou
deixar os leitores do blog tentando encontrar a resposta correta para cada uma
delas.
Já
no concurso para TRADUTOR-INTERPRETE DA JUNTA COMERCIAL DO RIO DE JANEIRO, uma
das questões para fazer era a versão do texto que segue abaixo, (além de uma
tradução de um texto em inglês para o português):
TEXTO PARA VERSÃO
Gente
De repente,
escolhemos a vida de alguém. Era essa que a gente queria. Naquela casa grande e
branca, na rua quieta, na cidade pequena. Sim, estamos trocando tudo. Era ela
que a gente queria ser, aquela serenidade atrás dos olhos claros, aquela
bondade que se estende aos bichos e às coisas, tão simplesmente. E aquela mansa
alegria de viver, aquele risonho voto de confiança na vida, aquela promissória
em branco contra o futuro, descontada cada dia, miudamente, a plantar flores, a
brunir a casa, a aconchegar os bichos.
Era naquele
porto que a gente gostaria de colher as velas, trocar a ansiedade, a inquietação,
a angústia latente e sem remédio, o medo múltiplo e cósmico, todas as
interrogações, por aquela paz. Acordar de manhã, depois de dormir de noite,
achando que vale a pena, que paga, que compensa botar dois pés entusiasmados no
chão. Abrir as bandeiras das venezianas para que o sol entre, com o gesto de
quem abre o coração. Qual é o hormônio, e destilado por que glândula, que dá a
uma mulher o gosto de engomar, tão alvamente, a sua toalha bordada para a
bandeja do café? Há uma batalha bem ganha, cotidianamente renovada, contra o pó
e a traça e a ferrugem, que tudo consomem. Dentro dos muros da sua cidadela, as
flores viçam, a poeira foge, nada vence o alvo imaculado das cortinas, os cães
vadios acham lar e dono. E é esse um modo singelo mais difícil de ter fé. Cada
bibelô tem uma história, diante de cada retrato há um vaso de flor, para cada
bicho há um gesto de carinho.
“Mulher
virtuosa, quem a achará? Porque o seu valor excede ao de muitos rubis” —cansei
eu de ouvir, na escola dominical, e olho em torno a indagar quantos e que
orientais rubis pagarão aquele miúdo, enternecido carinho, que pôs flores nos
vasos e cera no chão e transparência nos vidros e ouro líquido no chá. Oh, a
perdida paz fazendeira deste chá no meio da tarde, que as mulheres do meu tempo
já não sabem o que seja, misturado a este morno cheiro de bolo e torradas que
vem da cozinha! Somos uma geração que come de pé, que trocou os doces ritos que
cercavam o nobre ato de alimentar-se, por uma apressada ingestão de calorias.
Já não
comemos, abastecemo-nos como um veículo, como um automóvel encostado à sua bomba.
Trocamos as velhas salas de jantar por mesas de abas, que se improvisam, às
pressas, de um consolo exíguo encostado a uma parede. E o que sabe de um lar
uma criança que não foi chamada, na doçura da tarde, do fundo de um quintal,
para interromper as correrias, lavar mal-e-mal as mãos e vir sentar-se à mesa
posta para o lanche, com mansas senhoras gordas que vieram visitar a mamãe? É a
hora dos quitutes, das ingênuas vaidades doceiras, da exibição das velhas
receitas, copiadas em letra bonita...
(LESSA, Elsie. Gente IN: SANTOS,
Joaquim Ferreira dos (org.)
As cem melhores crônicas
brasileiras. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007, p. 157-158.)
Gostaria
de deixar claro que essa postagem resume demais as informações sobre TRADUTORES E INTÉRPRETES e, portanto, não
deve ser utilizada como referência no assunto. Trata-se de um blog que apenas
aborda o assunto de forma bem superficial e, nesse caso, estamos postando partes
de algumas provas de tal área.
Obrigado
pela leitura. Curta nosso blog e/ou deixa uma sugestão ou alguma mensagem ou
sinal de fumaça... boa tarde!