Poucas palavras:

Blog criado por Bruno Coriolano de Almeida Costa, professor de Língua Inglesa desde 2002. Esse espaço surgiu em 2007 com o objetivo de unir alguns estudiosos e professores desse idioma. Abordamos, de forma rápida e simples, vários aspectos da Língua Inglesa e suas culturas. Agradeço a sua visita.

"Se tivesse perguntado ao cliente o que ele queria, ele teria dito: 'Um cavalo mais rápido!"

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Algumas provas de concursos para tradutores e interpretes comerciais.



Para as minhas próximas aulas da disciplina de Tradução I (disciplina optativa de carga-horária de 30 horas) na Universidade, decidi levar algumas questões de concursos para tradutores e interpretes para que os alunos possam tentar respondê-las e analisá-las.

Embora na maioria das vezes as provas consistam de uma prova escrita e uma prova oral, caso de provas para tradutor juramentado, como citou Fábio M. Said, na revista TRADUÇÃO & LINGUAGEM (edição especial da Revista Portuguesa), elas parecem variar muito de instituição para instituição. Geralmente tais provas sempre apresentam o mesmo padrão: fazer traduções do português para o idioma estrangeiro (chamada de “versão”) e outra do idioma estrangeiro para o português.

Aproveito a ocasião para falar algumas curiosidades sobre os tradutores, mais especificamente sobre os mitos mais comuns sobre a tradução juramentada.  

·         Tradutor público é não é, ao contrário do que muita gente pensa, funcionário público;
·         Tradutor público não tem clientela garantida;
·         Tradutor público não traduz apenas documentos jurídicos;
·         E nem todo tradutor público é formado em Direito. Para falar a verdade, nem existe uma regulamentação sobre a profissão;
·         Tradutor público não é nomeado pelo consulado do país estrangeiro; ele faz concurso público para, digamos, receber a denominação de Tradutor Público e Intérprete Comercial (TPIC).  

Essa foi questão de concurso para tradutor-interprete da Universidade Federal de Santa Maria, em 2012.

A seguir, marque a alternativa que contém a versão correta.


“A professora Kate James é inglesa e obteve sua graduação em francês e russo na Faculdade de Estudos Europeus em Londres. Desde então ela vive na França onde ela ensina Inglês como Língua Estrangeira e Tradução”.
(James, K. Translation Journal. 2002).


a.           Ms. Kate James is English and has obtained her degree in French and Russian at the School of European Studies in London. Since then, she lives in France where she teaches English as a Foreign Language and Translation.
b.           The teacher Kate James is English and has obtained his graduation in French and Russian in the Faculty of European Studies in London. Since then, she lives in France where she teaches English as a foreign language and translation.
c.            Professor Kate James is English and obtains his graduation in French and Russian at the School of European Studies. Now lives in France where she teaches English as a Foreign Language and Translation.
d.           Kate James is a Russian teacher who teaches English as a Foreign Language and Translation at the School of European Studies in London.
e.            Ms. Kate James is an English high school teacher in Russia where she teaches French and Translation.


Questão da prova de tradutor-interprete/inglês da UFRPE de 2012

Which of the following alternative translations of the text below is the correct one?

Texto T3

Se Dante acrescentasse mais um círculo aos nove que colocou no inferno de sua Divina Comédia, ele seria reservado às
estatísticas oficiais.
(J.R. Guzzo. Revista Veja, 11 de abril de 2012.)


A) If Dante added one more circle to the nine he presented in the hell of his Divine Comedy, it would be reserved for official statistics.
B) If Dante could add one more circle to the nine ones he put in the hell of his Divine Comedy, it would be reserved to official statistics.
C) If Dante adds one more circle to the nine he presented in the hell of his Divine Comedy, it will be reserved for official statistics.
D) If Dante had added another circle to the nine he presented in the hell of his Divine Comedy, it would have been reserved to the official statistics.
E) If Dante could have added another circle to the nine he put in hell of his Divine Comedy, it would have been reserved for official statistics.


Vou deixar os leitores do blog tentando encontrar a resposta correta para cada uma delas.

Já no concurso para TRADUTOR-INTERPRETE DA JUNTA COMERCIAL DO RIO DE JANEIRO, uma das questões para fazer era a versão do texto que segue abaixo, (além de uma tradução de um texto em inglês para o português):

TEXTO PARA VERSÃO

Gente

De repente, escolhemos a vida de alguém. Era essa que a gente queria. Naquela casa grande e branca, na rua quieta, na cidade pequena. Sim, estamos trocando tudo. Era ela que a gente queria ser, aquela serenidade atrás dos olhos claros, aquela bondade que se estende aos bichos e às coisas, tão simplesmente. E aquela mansa alegria de viver, aquele risonho voto de confiança na vida, aquela promissória em branco contra o futuro, descontada cada dia, miudamente, a plantar flores, a brunir a casa, a aconchegar os bichos.

Era naquele porto que a gente gostaria de colher as velas, trocar a ansiedade, a inquietação, a angústia latente e sem remédio, o medo múltiplo e cósmico, todas as interrogações, por aquela paz. Acordar de manhã, depois de dormir de noite, achando que vale a pena, que paga, que compensa botar dois pés entusiasmados no chão. Abrir as bandeiras das venezianas para que o sol entre, com o gesto de quem abre o coração. Qual é o hormônio, e destilado por que glândula, que dá a uma mulher o gosto de engomar, tão alvamente, a sua toalha bordada para a bandeja do café? Há uma batalha bem ganha, cotidianamente renovada, contra o pó e a traça e a ferrugem, que tudo consomem. Dentro dos muros da sua cidadela, as flores viçam, a poeira foge, nada vence o alvo imaculado das cortinas, os cães vadios acham lar e dono. E é esse um modo singelo mais difícil de ter fé. Cada bibelô tem uma história, diante de cada retrato há um vaso de flor, para cada bicho há um gesto de carinho.

“Mulher virtuosa, quem a achará? Porque o seu valor excede ao de muitos rubis” —cansei eu de ouvir, na escola dominical, e olho em torno a indagar quantos e que orientais rubis pagarão aquele miúdo, enternecido carinho, que pôs flores nos vasos e cera no chão e transparência nos vidros e ouro líquido no chá. Oh, a perdida paz fazendeira deste chá no meio da tarde, que as mulheres do meu tempo já não sabem o que seja, misturado a este morno cheiro de bolo e torradas que vem da cozinha! Somos uma geração que come de pé, que trocou os doces ritos que cercavam o nobre ato de alimentar-se, por uma apressada ingestão de calorias.

Já não comemos, abastecemo-nos como um veículo, como um automóvel encostado à sua bomba. Trocamos as velhas salas de jantar por mesas de abas, que se improvisam, às pressas, de um consolo exíguo encostado a uma parede. E o que sabe de um lar uma criança que não foi chamada, na doçura da tarde, do fundo de um quintal, para interromper as correrias, lavar mal-e-mal as mãos e vir sentar-se à mesa posta para o lanche, com mansas senhoras gordas que vieram visitar a mamãe? É a hora dos quitutes, das ingênuas vaidades doceiras, da exibição das velhas receitas, copiadas em letra bonita...


(LESSA, Elsie. Gente IN: SANTOS, Joaquim Ferreira dos (org.)
As cem melhores crônicas brasileiras. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007, p. 157-158.)


Gostaria de deixar claro que essa postagem resume demais as informações sobre TRADUTORES E INTÉRPRETES e, portanto, não deve ser utilizada como referência no assunto. Trata-se de um blog que apenas aborda o assunto de forma bem superficial e, nesse caso, estamos postando partes de algumas provas de tal área.

Obrigado pela leitura. Curta nosso blog e/ou deixa uma sugestão ou alguma mensagem ou sinal de fumaça... boa tarde! 

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