Escrito por Almeida Filho.
Tudo que diz respeito ao ensino
regular derivado do conhecimento formal e da pesquisa começou no Brasil com
Maria Junqueira Schmidt, em 1935, quando o livro O Ensino Científico das
Línguas Vivas foi publicado no Rio de Janeiro por essa brasileira pioneira do
quadro profissional de professores de idiomas do antigo Colégio Pedro II. Nesse
mesmo ano de excepcional colheita, outro livro de autoria surgiu da lavra de
outro professor do mesmo Colégio criado e dedicado ao jovem Imperador Dom Pedro
II. Trata-se do volume O Ensino de Línguas Vivas, de Antonio Carneiro Leão.
Essas duas publicações inaugurais mereceram resenhas inéditas atuais nas
edições de número 5 e 6 da singular Revista HELB especializada na perspectiva histórica
do ensino de idiomas no Brasil.
Depois desses dois volumes autorais
de 1935, a próxima publicação de um autor na área de Ensino de Línguas foi o
livro do educador Valnir Chagas intitulado Didática Especial de Línguas
Modernas, publicado em 1956 na cidade de São Paulo. Livro raro e feliz
contribuição à instrução de idiomas nas escolas brasileiras, a obra do pedagogo
Chagas distingue o Brasil no concerto de países sul-americanos. Foram precisos
outros vinte anos para vermos surgir um novo livro de autoria na cena acadêmica
de Ensino e Aprendizagem de Línguas – o texto de Francisco Gomes de Matos
intitulado Linguística Aplicada ao Ensino de Inglês, publicado também em São
Paulo no ano de 1976. Esse livro do Diretor do pioneiro Centro de Linguística
Aplicada Yázigi, inaugurado em 1966, está alinhado com o que havia de mais
atual à época no campo da então Linguística aplicada ao Ensino de Línguas – a
influência dos princípios da ciência da linguagem na condução do ensino de
línguas e, principalmente, a influência desses princípios flagrados em manuais
de professores em livros didáticos.
Esse é o corpus de livros de autoria
publicados no Brasil sobre o Ensino de Línguas que antecede a aparição de meu
livro Dimensões Comunicativas no Ensino de Línguas em 1993. Com essa
publicação, inaugura-se, no cenário acadêmico, a proposta de se trabalhar com
abordagem e não mais com métodos e a abordagem explorada agora como alternativa
será a comunicativa, tornada imensamente atraente desde então. Resta agora transformar
a prática, a tradição e a cultura de ensinar vigentes no imenso território
escolar hoje maltratado por uma crise no ensino de línguas que lhe nega o poder
de aprender uso da língua-alvo mesmo após anos de “estudo” na grade do Ensino
Básico. A base formal desse saber que habita os livros brasileiros teoricamente
embasados que arrolamos neste artigo se expande muito quando trazemos a
produção das revistas científicas da área, mas isso é outro episódio para outro
momento. Conheça a produção nacional do século vinte plasmada em livros de
autores e ajude a divulgar o legado que nos ampara na profissão.
Fonte:
O Professor José Carlos Paes de Almeida Filho é
Doutor em Lingüística pela Georgetown University, GU, Estados Unidos. É Mestre
em Educação em Língua Estrangeira pela Universidade de Manchester. Atualmente é
Professor de Lingüística Aplicada/Teoria de Ensino de Línguas/Português Língua
Estrangeira do Departamento de Línguas Estrangeiras e Tradução da Universidade
de Brasília - LET/IL - UnB.
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