O entrevistado dessa semana é o professor Sérgio Pantoja Junior. O mesmo fala das dificuldades da profissão, de quando decidiu se tornar professor de Língua Inglesa e faz uma breve avaliação do ensino de Língua Inglesa no Brasil.
Poderia fazer um breve resumo da vida acadêmica e profissional?
Sou graduado em Letras (Português e Inglês) e pós-graduado em Ensino de Língua Inglesa e Tradução. Possuo os certificados FCE, CAE, CPE e TKT da Universidade de Cambridge e especialização em Ensino de Língua Inglesa pela Universidade de Oregon dos EUA. Além de ter feitos diversos outros cursos de extensão e aperfeiçoamento. Em 10 anos na profissão já lecionei em diversas escolas de idiomas como Fisk, CCAA, Cultura Inglesa entre outras. De 2008 a 2010 tive a oportunidade de colaborar com o site Inglês Online elaborando os Quizzes, da seção Teste seu Inglês, publicados semanalmente. Nesse período fiz cerca de 80 quizzes sobre os mais variados tópicos. Atualmente trabalho como professor na S&D Inglês Personalizado em Araras, interior de São Paulo.
Quando decidiu que queria ser professor de língua inglesa?
Sempre amei inglês, mas só decidi mesmo que queria ser professor aos 17 anos. Quando estava para terminar o ensino médio tomei essa decisão que mudou a minha vida para sempre de forma extremamente positiva.
Quais os principais problemas e desafios encontrados por alguém que é professor de LÍNGUA INGLESA na região onde você atua?
Diria que seja a dificuldade em obter uma qualificação mais especializada na área. Quando decidi fazer minha pós-graduação tive que viajar para São Paulo todo final de semana. A maior parte das palestras e workshops acontece lá, o que na maioria das vezes pode dificultar um pouco para quem vive no interior. Na época que estava estudando para o CAE, por exemplo, tive que fazer aulas particulares, pois não havia escolas aqui que oferecessem cursos de inglês mais avançados. Durante minha preparação para o CPE estudei um pouco em Campinas (que fica a cerca de 90 km de Araras) e por conta própria. No final deu tudo certo e eu consegui passar no tão “temido” CPE.
Como você avalia a formação dos profissionais da área de idiomas? Ela é satisfatória ou ainda tem que mudar algo?
Conheço vários professores altamente qualificados com uma ótima formação lingüística e pedagógica. Contudo, essa ainda não é a realidade da maior parte das pessoas que atuam como professores de inglês. Há aqueles que dão aulas há anos e se quer tem uma boa formação lingüística ou pedagógica. Sabem apenas reproduzir o método da escola onde lecionam, mas não tem a menor idéia do que estão fazendo ou onde querem chegar. Falta base teórica para entenderem o que está por trás de suas decisões e refletirem sobre suas ações.
Acredito que ninguém começa na profissão já “pronto”. No entanto cabe a nós buscarmos conhecimento para que possamos nos tornar cada vez melhores. Atualmente há diversos sites na internet que oferecem uma enorme gama de vídeos e artigos gratuitamente voltados a formação de professores de inglês. Há também cursos online oferecidos por instituições da mais alta credibilidade por preços totalmente acessíveis. É possível se tornar um professor melhor sem gastar fortunas com cursos e viagens para o exterior. Bastar ter vontade, humildade e estar aberto a aprender coisas novas e refletir sobre as práticas cotidianas. O aprendizado é algo continuo não só para os alunos, mas para nós professores. Percebo que quanto mais leio e pesquiso mais tenho a aprender e é esse processo de descoberta continua que tanto me fascina na profissão.
Qual foi a situação mais difícil que você passou como professor de língua inglesa?
Definitivamente a fase mais difícil foi no inicio da profissão. Comecei em uma escola de idiomas sem receber praticamente suporte pedagógico algum. Fiz um treinamento rápido com a dona da escola sobre como aplicar o método e comecei imediatamente a dar aulas. No inicio fazia muita coisa por instinto ou baseado no que tinha visto alguns dos meus ex-professores fazer, mas não sabia o porquê estava fazendo certas coisas e principalmente o que queria alcançar com aquilo. Isso me incomodava profundamente! Foi aí que eu percebi a necessidade de buscar uma formação mais sólida na área.
Se pudesse voltar ao passado que atitude mudaria em relação à vida profissional?
Teria priorizado mais tempo para fazer meu mestrado em lingüística aplicada. Mas nunca é tarde!
Quais os planos profissionais para o futuro?
Nos últimos 10 anos tenho feito um curso novo todos os anos, seja online ou presencial. Essa atualização constante tem me ajudado a melhorar muito. Pretendo agora começar a planejar meu mestrado em lingüística aplicada e a expansão da minha escola em um futuro bem próximo.
Como você avalia o ensino de inglês como língua estrangeira no nosso país?
Ainda temos um longo caminho a percorrer, mas tenho muitas esperanças que um dia as coisas serão diferentes. Já tenho percebido uma maior preocupação por parte do governo federal e estadual através da criação de novas parcerias com universidades do exterior e da oferta de cursos de especialização para professores das escolas publicas nos EUA e Inglaterra. Assim como pela criação de cursos online de inglês para alunos das escolas públicas e centros de línguas em diversas cidades do estado de São Paulo. Espero que um dia nossos alunos possam sair da escola pública falando inglês!
Em relação a algumas escolas de idiomas percebo que há um investimento gigantesco em propagandas, mas insignificante em formação de professores. Professores são as peças chaves nesse contexto. Investir neles significa dar aos alunos a oportunidade de ter um ensino melhor. Tenho a esperança que nossa profissão seja mais valorizada e nosso papel seja reconhecido. Uma ideia que sempre surge na conversa com outros amigos professores é a de algo como um “selo de qualidade” que avaliasse e certificasse a qualidade de ensino oferecido por cada escola. Isso daria para o aluno a segurança de estar estudando em uma instituição confiável e que realmente se preocupa não apenas com propagandas, mas acima de tudo com a qualidade do ensino oferecido.
Que métodos você acha mais efetivos para os alunos de idiomas?
Há diversas coisas que os alunos de idiomas podem fazer por conta própria para melhorar e acelerar o aprendizado. A primeira delas é tentar estar constantemente em contato com a língua que se deseja aprender. Eu particularmente sou muito auditivo então sempre procurei ouvir inglês o máximo possível. Na minha época as opções eram um tanto quanto limitadas. Tinha as fitas cassete do livro que estudava, músicas e filmes em inglês. Hoje temos material (vídeos e podcasts) adaptados para diversos níveis. Isso facilita muito as coisas, pois os alunos podem ter contato em inglês com os mais variados assuntos adaptados ao seu nível atual.
Não acho que seja produtivo para um aluno básico, por exemplo, praticar o listening através de um filme feito para nativos que pode trazer gírias específicas de um determinado lugar ou refletir a fala de uma determinada época. O importante é ter contato com algo que se consiga entender, algo que seja compreensível. Caso contrário, o sentimento gerado será de frustração e desmotivação.
Que mensagem deixaria para estudantes e professores de língua inglesa?
Para os estudantes de inglês eu gostaria de dizer que é possível sim aprender inglês no Brasil! Eu mesmo só fui ter a minha primeira oportunidade de viajar para fora dos pais anos depois de ter passado no CPE. Me recordo que um dia uma pessoa me disse que jamais conseguiria passar nesse exame sem ter morado algum tempo em um pais que falasse inglês, mas provei a ela que isso é possível sim. Assim como muitos outros antes de mim também conseguiram. Em minha opinião o mais importante é ter foco, força de vontade e saber priorizar o que você quer. Estabeleça a sua meta, defina o que é necessário fazer para chegar lá e vá em frente! Não desista! Quando eu estudava inglês tinha apenas um livro de gramática, o livro do curso, o livro de exercícios e duas fitas cassete e essa aparente limitação não me atrapalhou de atingir o meu objetivo. Essa era minha única forma de contato com a língua além de ouvir música e assistir filmes. Hoje graças à internet temos centenas de sites gratuitos com material muitíssimo bem elaborado e dividido por nível com recursos de vídeo, áudio e muita interatividade. A falta de bons materiais não é mais uma desculpa para não aprender ou estar em contato com a língua. O que falta na maioria das vezes é foco e determinação
Para os meus queridos amigos professores eu gostaria de reiterar a importância da formação continuada. Como já mencionei anteriormente, ninguém começa já pronto. O processo de melhoria é continuo e se prolonga até o nosso ultimo dia de vida. Devemos estar sempre dispostos a aprender cada vez mais! Ouvir, pensar e refletir são habilidades essenciais na profissão que escolhemos. Estamos em constante mudança e essas mudanças ocorrem na maioria das vezes após a simples leitura de um artigo, depois da conversa com outro professor, um workshop, da leitura de um livro etc. São essas pequenas coisas que no todo vão nos transformando em melhores professores. Mudanças que não ocorrem apenas ao término de um longo curso, mas constantemente no nosso dia a dia. Invista na sua carreira! Leia bons livros, artigos, faça cursos, pois para exigirmos bons alunos temos que primeiramente sermos bons professores.
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4 comentários:
Que bela entrevista. Ser professor é muito bom.
Parabéns
Conheci o blog hoje e gostei muito!
Voltei para saber das novidades, post interessante. Seu blog é um dos meus favoritos. Nova post lá no blog, passa lá. http://jpbigblog.blogspot.com.br/
Peço perdão pela demora, mas muito obrigado pela força, galera.
Sergio Pantoja, que prazer em encontrá-lo aqui. Sergio foi professor de minha filha e uma espécie de "Anjo da Guarda" em inglês. Hoje, ela mora fora do país e devemos isso ao seu mérito, somado pela orientação de um excelente professor. GRATIDĂO, Sergio!
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