Poucas palavras:

Blog criado por Bruno Coriolano de Almeida Costa, professor de Língua Inglesa desde 2002. Esse espaço surgiu em 2007 com o objetivo de unir alguns estudiosos e professores desse idioma. Abordamos, de forma rápida e simples, vários aspectos da Língua Inglesa e suas culturas. Agradeço a sua visita.

"Se tivesse perguntado ao cliente o que ele queria, ele teria dito: 'Um cavalo mais rápido!"

quarta-feira, 27 de julho de 2016

Entrevista com Vanessa Paulini



Poderia fazer um breve resumo de sua vida acadêmica/profissional?

Sou graduada em Letras pela Unaerp e professora efetiva em duas escolas estaduais: E.E.Dr. Guimarães Júnior em Ribeirão Preto e E.E.Cel. João de Souza Campos em Cravinhos.

Participei de congressos na faculdade e ministrei uma palestra para a pós-graduação referente à área de Linguística.

Conclui vários cursos de formação continuada relacionados ao ensino de português e inglês.




Por que decidiu ser professora de Língua Inglesa?

Desde criança sempre quis ser professora, brincava de ensinar com a minha lousa e giz. Aos 12 anos, iniciei o curso de inglês, do qual gostei muito. Na escola, amava ensinar inglês aos meus colegas e passar nas carteiras tirando dúvidas. Assim, naturalmente, no momento em que tive que escolher uma faculdade, não tive dúvidas de que gostaria de cursar Letras.

Quais as dificuldades que um profissional de idiomas enfrenta na região onde você atua?

Citarei o caso específico dos profissionais de idiomas que atuam em escolas estaduais da região. Trabalho no ensino público estadual há seis anos e quando ingressei no cargo me deparei com uma realidade totalmente diferente da realidade que eu esperava e gostaria de encontrar. Percebi que não bastava dominar o conteúdo, precisava entender a realidade que se apresentava a mim para conseguir realizar algo satisfatório. No início, acho que como todo professor de escola pública, tive que aprender a disciplinar a sala para que, então, conseguisse realizar o meu trabalho. Depois de algum tempo aprendi a fazer isso com mais facilidade, mas às vezes há alguns imprevistos e é preciso parar a aula para mediar conflitos. É necessário mediar conflitos quando acontecem, mas considero isso como um fator negativo em relação ao tempo de aula que se perde. Além disso, as salas de aula são cheias, o que dificulta ter um conhecimento mais profundo e individualizado de cada aluno para entender melhor seu ritmo, suas necessidades e expectativas.




Como você avalia sua formação acadêmica?

A minha formação acadêmica foi muito boa em relação ao conteúdo. Tive professores excelentes. No entanto, em relação à prática em sala de aula, não estava preparada quando me deparei com a realidade da escola. Foi necessário buscar orientações com colegas de trabalho e me atualizar para essa nova realidade.

Quais são seus planos em relação a sua vida profissional?

Em relação à minha vida profissional, penso em fazer uma pós-graduação na área de Literatura Inglesa e levar para a sala de aula um pouco mais de conhecimento sobre os autores britânicos que tanto aprecio.

Como aprendeu inglês?

Comecei a estudar inglês quando iniciei um curso aos 12 anos. Desde então, comecei a gostar da língua e não parei mais de estudar.

Usou alguma técnica que você considera realmente efetiva?

Sim, procuro trabalhar em sala de aula com as quatro habilidades: Reading, Writing, Speaking e Listening. Dessas quatro, as mais apreciadas pelos alunos são as atividades de Listening e Speaking. Nas atividades de Listening, a utilização de música relacionada ao conteúdo que está sendo ensinado já é, por si só, um recurso motivador para eles. E mesmo quando a atividade de Listening se baseia em ouvir algum texto e preencher lacunas, percebo que eles se sentem motivados também e procuram entender o que está sendo falado.

Contudo, a técnica que gostaria de destacar é em relação à atividade de gravação de áudio ou vídeo feita pelos alunos. Trata-se de uma atividade para trabalhar a fala (Speaking) e é realizada da seguinte maneira: primeiramente apresento alguma situação de comunicação e peço para que eles se imaginem nela, isto é, imaginem-se em uma situação em que precisarão utilizar o inglês (quando precisam atender a um cliente estrangeiro por exemplo); a partir daí treinamos perguntas e respostas que ocorreriam em uma situação como essa; apresento dicas em relação à pronuncia e os ensino a fazer os links (linking sounds) para que a fala se torne mais fluente; treinamos o diálogo em sala de aula; por fim, os alunos gravam em duplas o diálogo pelo celular (por meio de programa de gravador de voz ou de vídeo) e me enviam por e-mail para que eu posso avaliá-los e perceber o que preciso ainda reforçar com a turma. Nessa atividade, também oriento os alunos a eles mesmos ouvirem as suas gravações para que possam perceber as suas próprias falas e fazerem suas próprias verificações. Essa atividade é muito gratificante, porque os alunos se esforçam para realizar o diálogo e o aprendizado acontece de forma mais natural e dinâmica.




Falando em técnica, você tem alguma preferência por método ou abordagem?

Gosto muito da abordagem comunicativa, pelo aspecto dinâmico que apresenta, já que, dentro dessa abordagem, as atividades devem refletir situações de comunicação real.

No entanto, não foco apenas na abordagem comunicativa em sala de aula. Na verdade, nas minhas aulas há um pouco das contribuições de cada método e abordagem, dependendo do conteúdo que vou ensinar.

Já viveu alguma situação bastante inusitada em sala de aula? Poderia compartilhar conosco?

A situação inusitada que vivi, aconteceu em relação à um projeto da escola. Atendendo a um pedido da gestão, comecei a realizar um projeto com os alunos para ser apresentado no anfiteatro. O projeto sugerido pela gestão era montar um coral e ensaiá-lo para a comemoração dos 120 anos da escola. Porém, eu não tinha muito conhecimento de como montar um coral e nunca tinha feito aula de canto até então. Há alguns anos, eu havia ensaiado um grupo de alunos e a apresentação deles foi bonita, mas era um grupo menor. Dessa vez, a turma do coral era maior.

Foi aí que contei com a participação dos alunos e tive muitas surpresas agradáveis. Alguns alunos já faziam aula de canto e souberam orientar os colegas quanto à posição no palco; outros foram uma revelação, descobrimos talentos e vozes lindas; outros ainda sabiam as técnicas vocais e ajudaram nos exercícios vocais; quanto a mim, ensinei a letra da música em inglês, focando na pronúncia das palavras e na fluência dos versos.

No dia determinado, apresentamos o coral. Uma das supervisoras de ensino que estava presente nos convidou para que, no final do ano, apresentássemos o coral para os Supervisores da Diretoria de Ensino em um evento que fariam junto aos Coordenadores Pedagógicos das escolas de Ribeirão Preto e região. Foi um momento muito gratificante para mim e para os alunos, fruto de um projeto que, de fato, contou com a dedicação de todo o grupo.

Como você avalia o ensino de Língua Estrangeira no Brasil? É satisfatório?

Não considero satisfatório. Além dos problemas em relação à falta de recursos e investimentos que afetam não só o ensino de Língua Inglesa, mas o ensino no país como um todo, acredito que o ensino de língua estrangeira deveria começar desde cedo em todas as escolas públicas.  O Ensino de Língua Estrangeira, e mais especificamente o inglês, visto a sua importância no mundo, deveria constituir o currículo desde a primeira série escolar nessas escolas também.

Como é o seu relacionamento com os outros colegas de profissão, costuma falar sobre o assunto com outros professores?

Nas escolas onde trabalho, o grupo de professores é muito unido e colaboramos uns com os outros. Por isso, muitas vezes comentamos sim sobre as melhorias que poderiam ser realizadas, além de trocarmos materiais e experiências.

O que você não faria na sua vida profissional, caso pudesse voltar no tempo?

A vida de um professor consiste em se atualizar e é um constante aprendizado. A cada ano, mudamos a forma de ensinar, acrescentamos um detalhe, modificamos a forma de explicar algum conteúdo para que fique mais claro. É muito interessante olharmos para trás e percebermos o quanto já aprendemos e olharmos para a frente e vermos o quanto ainda precisamos aprender. Por isso, a cada ano que passa, penso que se pudesse voltar no meu primeiro ano como professora, não teria feito muitas coisas em relação à forma de ensinar que hoje sei que efetivamente não funcionam, e as substituiria por outras formas de ensino que hoje sei serem mais eficazes.

Contudo, tenho certeza de que, daqui a alguns anos, pensarei que se pudesse voltar no dia de hoje, também mudaria muita coisa. E isso é o legal de ser professora, mudamos sempre, ajudamos os alunos a crescerem, mas também crescemos com eles.

Qual foi o grande momento da sua vida profissional até o momento?

O grande momento da minha vida profissional foi o que citei anteriormente, o Coral da escola que foi formado com muita dedicação e amor contando com a colaboração de todos. Cada um acrescentou um pouco do seu conhecimento e essa participação de todos nós nos uniu muito. Toda essa dedicação e amor se refletiu na apresentação.

Você gostaria de deixar alguma mensagem para os leitores desse blog?

A mensagem que gostaria de deixar para quem está aprendendo inglês é que continue se esforçando no aprendizado da língua, tendo a certeza de que ela vai ampliar os seus horizontes e te levar a conhecer novas culturas, novas formas de pensar, ampliando a sua forma de ver o mundo.

A mensagem que gostaria de deixar aos professores de inglês é que vocês não desistam de sua profissão. Apesar de todas as dificuldades que enfrentam, que vocês permaneçam com o amor que os motivou a escolherem essa profissão, sabendo do valor que vocês têm. Sempre lembramos com carinho dos professores que foram inspiradores para nós. Nunca nos esquecemos deles, dos ensinamentos e da forma como nos tratavam. Que vocês também possam ser inspiradores para os seus alunos e, certamente, ficarão guardados nos corações deles.

E gostaria de dedicar a vocês, queridos professores, esse poema:

TEACHER’S SERENITY PRAYER

GOD - Grant me wisdom, creativity, and love

With Wisdom,
I may look to the future and see the effect
That my teaching will have on these children,
And thus adapt my methods
To fit the needs of each one.

With Creativity,
I can prepare new and interesting projects
That can challenge my students
And expand their minds
To set higher goals and dream loftier dreams.

With Love,
I can praise my students for jobs well done
And encourage them to get up
And go on when they fail.   
Lord reveal Yourself through me.

Amen.
(Author Unknown)


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