Poderia fazer um
breve resumo de sua vida acadêmica/profissional?
Sou graduada em
Letras pela Unaerp e professora efetiva em duas escolas estaduais: E.E.Dr.
Guimarães Júnior em Ribeirão Preto e E.E.Cel. João de Souza Campos em
Cravinhos.
Participei de
congressos na faculdade e ministrei uma palestra para a pós-graduação referente
à área de Linguística.
Conclui vários
cursos de formação continuada relacionados ao ensino de português e inglês.
Por que decidiu
ser professora de Língua Inglesa?
Desde
criança sempre quis ser professora, brincava de ensinar com a minha lousa e
giz. Aos 12 anos, iniciei o curso de inglês, do qual gostei muito. Na escola,
amava ensinar inglês aos meus colegas e passar nas carteiras tirando dúvidas.
Assim, naturalmente, no momento em que tive que escolher uma faculdade, não
tive dúvidas de que gostaria de cursar Letras.
Quais as
dificuldades que um profissional de idiomas enfrenta na região onde você atua?
Citarei
o caso específico dos profissionais de idiomas que atuam em escolas estaduais
da região. Trabalho no ensino público estadual há seis anos e quando ingressei
no cargo me deparei com uma realidade totalmente diferente da realidade que eu
esperava e gostaria de encontrar. Percebi que não bastava dominar o conteúdo,
precisava entender a realidade que se apresentava a mim para conseguir realizar
algo satisfatório. No início, acho que como todo professor de escola pública,
tive que aprender a disciplinar a sala para que, então, conseguisse realizar o
meu trabalho. Depois de algum tempo aprendi a fazer isso com mais facilidade,
mas às vezes há alguns imprevistos e é preciso parar a aula para mediar
conflitos. É necessário mediar conflitos quando acontecem, mas considero isso
como um fator negativo em relação ao tempo de aula que se perde. Além disso, as
salas de aula são cheias, o que dificulta ter um conhecimento mais profundo e
individualizado de cada aluno para entender melhor seu ritmo, suas necessidades
e expectativas.
Como você avalia
sua formação acadêmica?
A
minha formação acadêmica foi muito boa em relação ao conteúdo. Tive professores
excelentes. No entanto, em relação à prática em sala de aula, não estava
preparada quando me deparei com a realidade da escola. Foi necessário buscar
orientações com colegas de trabalho e me atualizar para essa nova realidade.
Quais são seus
planos em relação a sua vida profissional?
Em
relação à minha vida profissional, penso em fazer uma pós-graduação na área de
Literatura Inglesa e levar para a sala de aula um pouco mais de conhecimento
sobre os autores britânicos que tanto aprecio.
Como aprendeu
inglês?
Comecei
a estudar inglês quando iniciei um curso aos 12 anos. Desde então, comecei a
gostar da língua e não parei mais de estudar.
Usou alguma
técnica que você considera realmente efetiva?
Sim,
procuro trabalhar em sala de aula com as quatro habilidades: Reading, Writing, Speaking e Listening.
Dessas quatro, as mais apreciadas pelos alunos são as atividades de Listening e Speaking. Nas atividades de Listening,
a utilização de música relacionada ao conteúdo que está sendo ensinado já é,
por si só, um recurso motivador para eles. E mesmo quando a atividade de Listening se baseia em ouvir algum texto
e preencher lacunas, percebo que eles se sentem motivados também e procuram
entender o que está sendo falado.
Contudo,
a técnica que gostaria de destacar é em relação à atividade de gravação de
áudio ou vídeo feita pelos alunos. Trata-se de uma atividade para trabalhar a
fala (Speaking) e é realizada da
seguinte maneira: primeiramente apresento alguma situação de comunicação e peço
para que eles se imaginem nela, isto é, imaginem-se em uma situação em que
precisarão utilizar o inglês (quando precisam atender a um cliente estrangeiro
por exemplo); a partir daí treinamos perguntas e respostas que ocorreriam em
uma situação como essa; apresento dicas em relação à pronuncia e os ensino a
fazer os links (linking sounds) para que a fala se torne mais fluente; treinamos
o diálogo em sala de aula; por fim, os alunos gravam em duplas o diálogo pelo
celular (por meio de programa de gravador de voz ou de vídeo) e me enviam por
e-mail para que eu posso avaliá-los e perceber o que preciso ainda reforçar com
a turma. Nessa atividade, também oriento os alunos a eles mesmos ouvirem as
suas gravações para que possam perceber as suas próprias falas e fazerem suas
próprias verificações. Essa atividade é muito gratificante, porque os alunos se
esforçam para realizar o diálogo e o aprendizado acontece de forma mais natural
e dinâmica.
Falando em
técnica, você tem alguma preferência por método ou abordagem?
Gosto
muito da abordagem comunicativa, pelo aspecto dinâmico que apresenta, já que,
dentro dessa abordagem, as atividades devem refletir situações de comunicação
real.
No
entanto, não foco apenas na abordagem comunicativa em sala de aula. Na verdade,
nas minhas aulas há um pouco das contribuições de cada método e abordagem,
dependendo do conteúdo que vou ensinar.
Já viveu alguma
situação bastante inusitada em sala de aula? Poderia compartilhar conosco?
A
situação inusitada que vivi, aconteceu em relação à um projeto da escola.
Atendendo a um pedido da gestão, comecei a realizar um projeto com os alunos
para ser apresentado no anfiteatro. O projeto sugerido pela gestão era montar
um coral e ensaiá-lo para a comemoração dos 120 anos da escola. Porém, eu não
tinha muito conhecimento de como montar um coral e nunca tinha feito aula de
canto até então. Há alguns anos, eu havia ensaiado um grupo de alunos e a
apresentação deles foi bonita, mas era um grupo menor. Dessa vez, a turma do coral
era maior.
Foi
aí que contei com a participação dos alunos e tive muitas surpresas agradáveis.
Alguns alunos já faziam aula de canto e souberam orientar os colegas quanto à
posição no palco; outros foram uma revelação, descobrimos talentos e vozes
lindas; outros ainda sabiam as técnicas vocais e ajudaram nos exercícios
vocais; quanto a mim, ensinei a letra da música em inglês, focando na pronúncia
das palavras e na fluência dos versos.
No
dia determinado, apresentamos o coral. Uma das supervisoras de ensino que
estava presente nos convidou para que, no final do ano, apresentássemos o coral
para os Supervisores da Diretoria de Ensino em um evento que fariam junto aos
Coordenadores Pedagógicos das escolas de Ribeirão Preto e região. Foi um
momento muito gratificante para mim e para os alunos, fruto de um projeto que,
de fato, contou com a dedicação de todo o grupo.
Como você avalia
o ensino de Língua Estrangeira no Brasil? É satisfatório?
Não
considero satisfatório. Além dos problemas em relação à falta de recursos e
investimentos que afetam não só o ensino de Língua Inglesa, mas o ensino no
país como um todo, acredito que o ensino de língua estrangeira deveria começar
desde cedo em todas as escolas públicas.
O Ensino de Língua Estrangeira, e mais especificamente o inglês, visto a
sua importância no mundo, deveria constituir o currículo desde a primeira série
escolar nessas escolas também.
Como é o seu
relacionamento com os outros colegas de profissão, costuma falar sobre o
assunto com outros professores?
Nas
escolas onde trabalho, o grupo de professores é muito unido e colaboramos uns
com os outros. Por isso, muitas vezes comentamos sim sobre as melhorias que
poderiam ser realizadas, além de trocarmos materiais e experiências.
O que você não
faria na sua vida profissional, caso pudesse voltar no tempo?
A
vida de um professor consiste em se atualizar e é um constante aprendizado. A
cada ano, mudamos a forma de ensinar, acrescentamos um detalhe, modificamos a
forma de explicar algum conteúdo para que fique mais claro. É muito
interessante olharmos para trás e percebermos o quanto já aprendemos e olharmos
para a frente e vermos o quanto ainda precisamos aprender. Por isso, a cada ano
que passa, penso que se pudesse voltar no meu primeiro ano como professora, não
teria feito muitas coisas em relação à forma de ensinar que hoje sei que
efetivamente não funcionam, e as substituiria por outras formas de ensino que
hoje sei serem mais eficazes.
Contudo,
tenho certeza de que, daqui a alguns anos, pensarei que se pudesse voltar no
dia de hoje, também mudaria muita coisa. E isso é o legal de ser professora,
mudamos sempre, ajudamos os alunos a crescerem, mas também crescemos com eles.
Qual foi o
grande momento da sua vida profissional até o momento?
O
grande momento da minha vida profissional foi o que citei anteriormente, o
Coral da escola que foi formado com muita dedicação e amor contando com a
colaboração de todos. Cada um acrescentou um pouco do seu conhecimento e essa
participação de todos nós nos uniu muito. Toda essa dedicação e amor se
refletiu na apresentação.
Você gostaria de
deixar alguma mensagem para os leitores desse blog?
A
mensagem que gostaria de deixar para quem está aprendendo inglês é que continue
se esforçando no aprendizado da língua, tendo a certeza de que ela vai ampliar
os seus horizontes e te levar a conhecer novas culturas, novas formas de
pensar, ampliando a sua forma de ver o mundo.
A
mensagem que gostaria de deixar aos professores de inglês é que vocês não
desistam de sua profissão. Apesar de todas as dificuldades que enfrentam, que
vocês permaneçam com o amor que os motivou a escolherem essa profissão, sabendo
do valor que vocês têm. Sempre lembramos com carinho dos professores que foram
inspiradores para nós. Nunca nos esquecemos deles, dos ensinamentos e da forma
como nos tratavam. Que vocês também possam ser inspiradores para os seus alunos
e, certamente, ficarão guardados nos corações deles.
E
gostaria de dedicar a vocês, queridos professores, esse poema:
TEACHER’S SERENITY PRAYER
GOD - Grant me wisdom, creativity, and love
With Wisdom,
I may look to the future and see the effect
That my teaching will have on these children,
And thus adapt my methods
To fit the needs of each one.
With Creativity,
I can prepare new and interesting projects
That can challenge my students
And expand their minds
To set higher goals and dream loftier dreams.
With Love,
I can praise my students for jobs well done
And encourage them to get up
And go on when they fail.
Lord reveal Yourself through me.
Amen.
(Author Unknown)
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