Poucas palavras:

Blog criado por Bruno Coriolano de Almeida Costa, professor de Língua Inglesa desde 2002. Esse espaço surgiu em 2007 com o objetivo de unir alguns estudiosos e professores desse idioma. Abordamos, de forma rápida e simples, vários aspectos da Língua Inglesa e suas culturas. Agradeço a sua visita.

"Se tivesse perguntado ao cliente o que ele queria, ele teria dito: 'Um cavalo mais rápido!"

domingo, 24 de julho de 2016

Entrevista com a professora Vivian Reis






Poderia fazer um breve resumo de sua vida acadêmica/profissional?

Tenho Licenciatura em Letras Português/ Inglês e Bacharelado em tradução e intérprete.  Sou professora de Inglês, intérprete, tradutora e professora de Português para estrangeiros. Sou pós-graduada em Educação e pós-graduada em Língua Inglesa. Estudei no Canadá (Toronto). Tenho certificado de conclusão de estudo na escola International Language Academy of Canada.

Tenho certificado de vários cursos e minicursos na área de Educação e Língua Inglesa, tais como: encontros científicos, semana linguística e etc. Tenho certificado do curso de ensino de Português como língua estrangeira. Ministrei uma palestra no Congresso Nacional de Inglês online (tema: Superando as dificuldades no Inglês); ministrei outra palestra no Seminário Nacional da Língua Inglesa online (tema: Treinamento de pronúncia e sotaque no Inglês). 

Fui voluntária dos Amigos das Américas. Já ensinei conversação de Inglês para professores iniciantes na área. Já ensinei em várias escolas de idiomas.  Fiz o minicurso “Arte de contar histórias”, porque acredito que é muito interessante o professor fazer também cursos relacionados a arte, pois acho de suma importância sermos criativos, dinâmicos, diferentes. Relacionado a arte, também fiz oficina de Clown e oficina de teatro, que me fez apresentar várias vezes no Teatro Alberto Maranhão (Natal/RN) e Teatro da cultura Popular.  Eu agrego a arte às minhas aulas de alguma maneira. 

Tenho certificado em todos os cursos que fiz sobre arte. Uso o teatro na sala de aula, como forma de aprendizagem da língua Inglesa.  Ensino Inglês desde 1998. Comecei a ensinar em um curso de Inglês quando eu era uma menina, logo após eu ter feito o TOEFL e a prova PROFICIENCY na Língua Inglesa. Passei na prova e entrevista e me deram essa chance mesmo sendo nova, por demonstrar amor a língua e desejar crescimento na área.




Por que decidiu ser professora de Língua Inglesa?

Minha mãe é professora. Deve ter me influenciado em algum aspecto, pois eu ia nas suas aulas, corrigia suas provas e observava seus passos em relação ao ensino. Minha brincadeira favorita aos 7 anos, era ensinar para minhas bonecas e cachorrinhas. Minha mãe tinha um quadro na garagem, eu coloca algumas cadeiras e chamava minhas três cachorras. Como elas já estavam acostumadas, subiam nas cadeiras.  Juro que elas prestavam atenção (risos). As levava para o quadro e colocava o giz na pata de cada uma para escrever algo. Afinal, como cheguei ao Inglês? Pedi para minha mãe me matricular em um curso de Inglês regular, com o objetivo de traduzir minhas fitas VHS do Michael Jackson, que eram todas originais. Queria saber o que meu ídolo falava nas entrevistas para conhecê-lo melhor. Entrei no curso, me tornei uma excelente aluna. Tinha professores brasileiros e americanos, nessa escola que tanto amava. Meus professores me diziam: “graças a Michael vocês está aqui”. Essa escola me incentivava bastante, meus professores eram excelentes. Todo esse ambiente me fez ficar cada vez mais apaixonada pela língua, ao ponto de eu sair de lá querendo ser professora de Inglês. Eu costumava dizer para meus professores: “um dia vou ser professora de Inglês como vocês ”. Na formatura do curso, fui a oradora da escola.

Quais as dificuldades que um profissional de idiomas na região onde você atua?

Eu atuo em Natal/ RN. Aqui só tem dificuldades! Se o professor não tiver amor pela profissão, ele desiste.  97% das escolas de idiomas, contratam professores que não são graduados em Letras. São muitos médicos, engenheiros, advogados, dentistas, todos sendo professores.  Se pelo menos fossem formados em Pedagogia, mas nem isso.

Muitos fazem intercâmbio, e voltam se candidatando para [o cargo de] professores de Inglês. O problema é que professor de Inglês em natal se tornou um bico. Muitos se formam e não conseguem emprego na área, então como falam Inglês, entram na área de ensino.

Ser professor requer muito estudo, noites em claro e amor. Eu não vou exercer o papel de engenheira, nem de médica, muito menos de advogada, porque não estudei para isso. Cada um no seu lugar. Muitas vezes as escolas de idiomas preferem até um profissional que não tenha muita qualificação, porque podem pagar pouco e manipulá-los. Outra dificuldade, é que alguns professores de Natal, são pedantes. Se acham “a última bolacha do pacote”. Estão sempre no pedestal, formais e desejam ser louvados. Pôxa, pessoal! Vamos descer desse pedestal?

Por que toda essa pose e formalidade? São os “William Bonner e Fátima Bernardes” do ensino. Professor não combina com isso. Professor deve ser natural, informal, amigo, descontraído. Ainda bem que meus colegas de trabalho atualmente, são maravilhosos. 




Como você avalia sua formação acadêmica?

Acredito que tenha sido ótima. O curso de Letras que fiz foi maravilhoso e não escolheria outro. Mas isso vai de pessoa para pessoa. Tem gente que leva a faculdade na brincadeira e acaba recebendo o diploma sem mérito. Sempre fui ótima aluna, estudiosa, criativa e perseverante. No meu caso, valeu muito a pena. Óbvio que me aperfeiçoei com outros cursos e com minha experiência em sala de aula. O curso de Letras é excelente para quem vai fundo, corre atrás e tem responsabilidade de estudar além da sala de aula.  Já entrei no curso de Letras falando inglês.

O curso de Letras não ensina inglês. Ele aprimora o Inglês de quem já sabe e te prepara para ser um excelente professor, ensinando metodologia, didática e etc. Sou apaixonada pelo meu curso.

Quais são seus planos em relação a sua vida profissional?

Meu plano em um futuro bem distante, é abrir meu próprio curso de inglês, com um método criado por mim. Tenho muitas ideias. Seria algo completamente diferente das escolas de idiomas atuais. Pode ter certeza disso.





Como aprendeu inglês? Usou alguma técnica que você considera realmente efetiva? Falando em técnica, você tem alguma preferência por método ou abordagem?

Como falei anteriormente, aprendi fazendo curso de Inglês. Mas eu estudava por conta própria também. Como naquela época não tinha DVD, eu alugava fitas VHS, assistia os filmes com legenda em Português e depois cobria as legendas com fita adesiva, para eu apenas treinar o Listening.

Fazia isso repetidas vezes. O primeiro filme que consegui entender inteiro foi “O Anjo Malvado” com Macaulay Culkin. Existiam poucos recursos na época. Ou se estudavam por filmes, ou por música. Não funcionou comigo aprender através de música, só filmes e séries funcionaram. Hoje em dia é mais fácil. Ministrei uma palestra online falando sobre isso. É muito extenso, por isso é complicado escrever tudo aqui. Mas é basicamente isso, estudar inglês através de séries. Estudar profundamente as falas dos atores, até as expressões faciais e corporais de cada frase da série. Sendo assim, o listening, speaking, reading, writing, pronúncia e até o sotaque melhorarão muito!

Não tenho preferência por abordagem. É importante estudar todas as abordagens, mas acredito que a melhor abordagem para mim, se chama “minha intuição”. Cada sala de aula é uma experiência diferente, cada aluno aprende de uma maneira diferente.  Eu acredito por exemplo, que a melhor maneira de aprender inglês é através do teatro. Isso funciona para todas as idades, todos os níveis e todas as pessoas. Além de melhorar o inglês, os alunos perdem a timidez e o medo de falar Inglês. Escrevi um artigo sobre o teatro como estratégia de ensino.

Sobre as abordagens de ensino, acredito que todas poderiam ser utilizadas de alguma maneira na aula. Gosto da “Communicative Approach”. Mas não existe a melhor abordagem. Temos que usar o nosso sexto sentido em relação a realidade de cada aluno.



Já viveu alguma situação bastante inusitada em sala de aula? Poderia compartilhar conosco?

Minha experiência maior é com jovens e adultos, mas também tive situações engraçadas quando ensinei para crianças. Uma delas pediu para eu morar com ela. Chamou a mãe para me apresentar e pediu para ela me levar. A menina queria que eu entrasse no carro pra me levar embora.

Um menino de uns 7 anos, veio até a mim com uma carinha de safado e disse “professora, você é gostosa”. Imagina eu explicando para uma criança de 7 anos, que eu era a professora dele, que isso era desrespeito e blá, blá, blá...

Na minha turma de jovens, quando entrei na sala, me pediram para sentar. Quando sentei, uma das minhas alunas se levantou e disse que ia interpretar a professora Vivian. Eu amei!

Um americano recém-chegado do Texas, foi contratado por uma escola que trabalhei. Ele assistiu várias aulas minhas pra pegar o jeito de ensinar, já que nunca tinha ensinado antes e não tinha formação na área.  Ele assistia só as minhas aulas, porque os outros professores faziam cara feia. Depois dele assistir umas 10 aulas minhas seguidas, ele me disse “estou aprendendo muito com você. Muita coisa que você falou eu nem sabia que existia, e muita coisa que você falou eu usava de forma errada. Sou americano, minha língua materna é o Inglês. Mas muita coisa da língua estou aprendendo com você, inclusive como ser professor”. Fiquei pasma e ao mesmo tempo feliz. O tempo passou, e nos tornamos amigos. Então, o convidei para participar de um seminário que ministrei na universidade. Depois da minha apresentação, fiz uma entrevista com ele para o público ouvir.

No começo desse ano, estava ensinando para minha turma do Intermediate 1, quando de repente sofri um acidente na sala. Na hora foi ruim, mas hoje em dia até rio. Quando eu virei as costas para colocar o CD, uma das minhas sandálias arrebentou e uma taxa grande que prendia a tira da sandália, entrou quase toda no meu pé. Na hora não senti dor, só um incômodo. Sentei e verifiquei a sola do pé, então vi aquela coisa enfiada no meu pé. Meus alunos: “Eu arranco, professora, eu arranco!”  E eu dizendo “ Não!  Vai doer e sangrar, ai meu Deus!”. Depois desse-tira-e-não-tira, tomei coragem e tirei. Fiquei descalça no trabalho, fui lavar o pé e depois disso fui direto ao posto tomar a vacina antitetânica.




Como você avalia o ensino de Língua Estrangeira no Brasil? É satisfatório?

Horrível! Começando pelas escolas, que só se prendem nos aspectos gramaticais da língua e compreensão textual. Os alunos não têm nenhuma chance de treinar o listening e o speaking. Estão tão acostumados com esse sistema, que estranham quando um professor tenta mudar esse paradigma de ensino. O inglês se torna algo tedioso, muito fácil de se passar, porque eles ficam vendo o mesmo conteúdo várias vezes. Não se dedicam, porque não acham importante e assim vão levando. Os alunos realmente que se preocupam vão procurar um curso de idiomas, para aprender a falar. Coisa que não era para existir.  Se as escolas oferecessem um excelente ensino de língua inglesa, abordando todas as habilidades, não seria necessário ter escolas de idiomas. Muitas escolas não valorizam os professores, não dão a eles recursos para trabalharem, alguns até gastam do seu próprio salário para melhorar suas aulas.

Muitos cursos de inglês atualmente, valorizam mais o método que o professor. O professor se torna apenas o instrumento para passar aquele método que eles acreditam ser o certo. Muitos têm pouca liberdade para criar na sala, outros não têm nenhuma liberdade. O professor tem que seguir aquele método robotizado, onde perde sua identidade. Seguir regra, todos têm que seguir, mas serem robôs é outra coisa. Por isso, muitas vezes preferem professores inexperientes ou sem qualificação na área. Afinal, se eles têm pouca experiência e nenhuma qualificação, vai ser fácil eles obedecerem esse método engessado sem contestarem. Isso acontece com algumas franquias. Já os cursos não franquiados, o professor tem liberdade e exigem mais a formação do professor. O professor deve ser ouvido com atenção pela direção, deve ter espaço para dar suas opiniões e sugestões, pois não existe ninguém que conheça os alunos mais que ele na escola.

Como é o seu relacionamento com os outros colegas de profissão, costuma falar sobre o assunto com outros professores?

Meu relacionamento com eles é ótimo. Trocamos experiência e falamos também sobre a situação do ensino atualmente.

O que você não faria na sua vida profissional, caso pudesse voltar no tempo?

Comecei minha carreira quando era adolescente. No primeiro curso que trabalhei, fiz uma besteira. Avisei a coordenadora que ia levar meus alunos para assistir um filme no cinema. Eles queriam ver um determinado filme. Para agradá-los, aceitei. Então, compramos o ingresso desse filme. Quando iniciou o filme, era um filme de comédia com cenas picantes. Fiquei muito constrangida. Nenhum pai reclamou, mas me senti mal. Depois desse dia, aprendi que temos que ver o conteúdo antes de mostrar para os alunos. Se eu voltasse no tempo, jamais faria isso. Coisa de menina iniciando a carreira. (risos)

Qual foi o grande momento da sua vida profissional até o momento?

Não tenho “ o grande momento”. Considero grandes momentos, todos que vejo o retorno dos meus alunos. Quando os vejo se tornaram professores de inglês por causa de mim, fazendo Letras por causa de mim, isso é maravilhoso. Nada como ver também um aluno que odiava inglês, passando a amar inglês por causa de mim. Muito gratificante...

Alunos chorando quando precisei sair da empresa, para fazer uma capacitação de professores, falando que nunca mais terão um professor como eu. Alunos soltando frases na aula do tipo: “agora sim estou aprendendo inglês” ou “já acabou a aula? Por que quando a aula é boa o tempo passa tão rápido?”

Tive uma aluna especial na sala. A mãe dela entrou na minha aula, e disse que a minha aula era a única que a fazia ficar feliz, que eu era a única professora que a tratava bem. Nas aulas que ela tinha na escola, ela ficava séria, com a cabeça baixa e triste o tempo todo. Na minha ela sorria e queria participar. O retorno dos meus alunos, notar que eles estão aprendendo, o carinho, o abraço, o beijo, os bilhetinhos, as frases de carinho no quadro, os presentinhos inesperados, que fazem a minha profissão ter grandes momentos.

Você gostaria de deixar alguma mensagem para os leitores desse blog?

PARA OS ALUNOS:

Pessoal, inglês não é mágica. Não acreditem em certos métodos na internet que prometem milagres, e também aqueles que existem em alguns lugares.  Escolha um curso que é mais a cara de vocês. Mas se dediquem. Não adianta ir ao curso duas vezes por semana e abandonar tudo quando chegar à casa. Assistam séries por diversão, mas também com o objetivo de estudar. Anotem todas as palavras novas que encontrarem e repitam elas várias vezes em voz alta. Assistam filmes e imitem os atores. Gostam de músicas? Ouçam e cantem com o cantor. Divirtam-se com o inglês, brinquem com ele. Quando passarem a enxergar o Inglês como algo divertido, tudo vai fluir com mais naturalidade. 

PARA OS PROFESSORES:

Sejam criativos, dinâmicos e bem-humorados. Coloquem-se no lugar dos seus alunos. Como será que você gostaria que suas aulas fossem se estivesse no lugar deles? Você pode ensinar o que quiser, do fácil ao difícil, de uma maneira prazerosa e dinâmica. Não importa a idade dos seus alunos, todos aprendem inglês com facilidade quando estão inseridos em um contexto divertido.

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4 comentários:

Elias Góis disse...

Excelente contribuição para quem já está engajado na educação e para quem pretende entrar.

Rafael disse...

Congrats you are the best l really know about it.you are só funny and extroverted a wonderful girl, together we will be stronger.

Rafael disse...

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VIVIAN JACKSON disse...

Thank you so much,guys! You're awesome! :)