Poderia
fazer um breve resumo de sua vida acadêmica/profissional?
Tenho Licenciatura em Letras
Português/ Inglês e Bacharelado em tradução e intérprete. Sou professora de Inglês, intérprete,
tradutora e professora de Português para estrangeiros. Sou pós-graduada em
Educação e pós-graduada em Língua Inglesa. Estudei no Canadá (Toronto). Tenho
certificado de conclusão de estudo na escola International Language Academy of Canada.
Tenho certificado de
vários cursos e minicursos na área de Educação e Língua Inglesa, tais como:
encontros científicos, semana linguística e etc. Tenho certificado do curso de
ensino de Português como língua estrangeira. Ministrei uma palestra no Congresso
Nacional de Inglês online (tema: Superando as dificuldades no Inglês);
ministrei outra palestra no Seminário Nacional da Língua Inglesa online (tema:
Treinamento de pronúncia e sotaque no Inglês).
Fui voluntária dos Amigos das Américas. Já ensinei
conversação de Inglês para professores iniciantes na área. Já ensinei em várias
escolas de idiomas. Fiz o minicurso “Arte
de contar histórias”, porque acredito que é muito interessante o professor
fazer também cursos relacionados a arte, pois acho de suma importância sermos
criativos, dinâmicos, diferentes. Relacionado a arte, também fiz oficina de
Clown e oficina de teatro, que me fez apresentar várias vezes no Teatro Alberto
Maranhão (Natal/RN) e Teatro da cultura Popular. Eu agrego a arte às minhas aulas de alguma
maneira.
Tenho certificado em
todos os cursos que fiz sobre arte. Uso o teatro na sala de aula, como forma de
aprendizagem da língua Inglesa. Ensino
Inglês desde 1998. Comecei a ensinar em um curso de Inglês quando eu era uma
menina, logo após eu ter feito o TOEFL e a prova PROFICIENCY na Língua Inglesa.
Passei na prova e entrevista e me deram essa chance mesmo sendo nova, por
demonstrar amor a língua e desejar crescimento na área.
Por
que decidiu ser professora de Língua Inglesa?
Minha mãe é professora.
Deve ter me influenciado em algum aspecto, pois eu ia nas suas aulas, corrigia
suas provas e observava seus passos em relação ao ensino. Minha brincadeira
favorita aos 7 anos, era ensinar para minhas bonecas e cachorrinhas. Minha mãe
tinha um quadro na garagem, eu coloca algumas cadeiras e chamava minhas três cachorras.
Como elas já estavam acostumadas, subiam nas cadeiras. Juro que elas prestavam atenção (risos). As
levava para o quadro e colocava o giz na pata de cada uma para escrever algo.
Afinal, como cheguei ao Inglês? Pedi para minha mãe me matricular em um curso
de Inglês regular, com o objetivo de traduzir minhas fitas VHS do Michael
Jackson, que eram todas originais. Queria saber o que meu ídolo falava nas
entrevistas para conhecê-lo melhor. Entrei no curso, me tornei uma excelente
aluna. Tinha professores brasileiros e americanos, nessa escola que tanto amava.
Meus professores me diziam: “graças a Michael vocês está aqui”. Essa escola me
incentivava bastante, meus professores eram excelentes. Todo esse ambiente me
fez ficar cada vez mais apaixonada pela língua, ao ponto de eu sair de lá
querendo ser professora de Inglês. Eu costumava dizer para meus professores: “um
dia vou ser professora de Inglês como vocês ”. Na formatura do curso, fui a
oradora da escola.
Quais
as dificuldades que um profissional de idiomas na região onde você atua?
Eu atuo em Natal/ RN.
Aqui só tem dificuldades! Se o professor não tiver amor pela profissão, ele
desiste. 97% das escolas de idiomas,
contratam professores que não são graduados em Letras. São muitos médicos,
engenheiros, advogados, dentistas, todos sendo professores. Se pelo menos fossem formados em Pedagogia,
mas nem isso.
Muitos fazem
intercâmbio, e voltam se candidatando para [o cargo de] professores de Inglês.
O problema é que professor de Inglês em natal se tornou um bico. Muitos se
formam e não conseguem emprego na área, então como falam Inglês, entram na área
de ensino.
Ser professor requer
muito estudo, noites em claro e amor. Eu não vou exercer o papel de engenheira,
nem de médica, muito menos de advogada, porque não estudei para isso. Cada um
no seu lugar. Muitas vezes as escolas de idiomas preferem até um profissional
que não tenha muita qualificação, porque podem pagar pouco e manipulá-los.
Outra dificuldade, é que alguns professores de Natal, são pedantes. Se acham “a
última bolacha do pacote”. Estão sempre no pedestal, formais e desejam ser
louvados. Pôxa, pessoal! Vamos descer desse pedestal?
Por que toda essa pose
e formalidade? São os “William Bonner e Fátima Bernardes” do ensino. Professor
não combina com isso. Professor deve ser natural, informal, amigo,
descontraído. Ainda bem que meus colegas de trabalho atualmente, são
maravilhosos.
Como
você avalia sua formação acadêmica?
Acredito que tenha sido
ótima. O curso de Letras que fiz foi maravilhoso e não escolheria outro. Mas
isso vai de pessoa para pessoa. Tem gente que leva a faculdade na brincadeira e
acaba recebendo o diploma sem mérito. Sempre fui ótima aluna, estudiosa,
criativa e perseverante. No meu caso, valeu muito a pena. Óbvio que me
aperfeiçoei com outros cursos e com minha experiência em sala de aula. O curso
de Letras é excelente para quem vai fundo, corre atrás e tem responsabilidade
de estudar além da sala de aula. Já
entrei no curso de Letras falando inglês.
O curso de Letras não ensina
inglês. Ele aprimora o Inglês de quem já sabe e te prepara para ser um
excelente professor, ensinando metodologia, didática e etc. Sou apaixonada pelo
meu curso.
Quais
são seus planos em relação a sua vida profissional?
Meu plano em um futuro
bem distante, é abrir meu próprio curso de inglês, com um método criado por
mim. Tenho muitas ideias. Seria algo completamente diferente das escolas de
idiomas atuais. Pode ter certeza disso.
Como
aprendeu inglês? Usou alguma técnica que você considera realmente efetiva?
Falando em técnica, você tem alguma preferência por método ou abordagem?
Como falei
anteriormente, aprendi fazendo curso de Inglês. Mas eu estudava por conta
própria também. Como naquela época não tinha DVD, eu alugava fitas VHS,
assistia os filmes com legenda em Português e depois cobria as legendas com
fita adesiva, para eu apenas treinar o Listening.
Fazia isso repetidas
vezes. O primeiro filme que consegui entender inteiro foi “O Anjo Malvado” com
Macaulay Culkin. Existiam poucos recursos na época. Ou se estudavam por filmes,
ou por música. Não funcionou comigo aprender através de música, só filmes e
séries funcionaram. Hoje em dia é mais fácil. Ministrei uma palestra online
falando sobre isso. É muito extenso, por isso é complicado escrever tudo aqui.
Mas é basicamente isso, estudar inglês através de séries. Estudar profundamente
as falas dos atores, até as expressões faciais e corporais de cada frase da
série. Sendo assim, o listening, speaking, reading, writing,
pronúncia e até o sotaque melhorarão muito!
Não tenho preferência
por abordagem. É importante estudar todas as abordagens, mas acredito que a
melhor abordagem para mim, se chama “minha intuição”. Cada sala de aula é uma
experiência diferente, cada aluno aprende de uma maneira diferente. Eu acredito por exemplo, que a melhor maneira
de aprender inglês é através do teatro. Isso funciona para todas as idades,
todos os níveis e todas as pessoas. Além de melhorar o inglês, os alunos perdem
a timidez e o medo de falar Inglês. Escrevi um artigo sobre o teatro como
estratégia de ensino.
Sobre as abordagens de ensino,
acredito que todas poderiam ser utilizadas de alguma maneira na aula. Gosto da “Communicative Approach”. Mas não existe
a melhor abordagem. Temos que usar o nosso sexto sentido em relação a realidade
de cada aluno.
Já
viveu alguma situação bastante inusitada em sala de aula? Poderia compartilhar
conosco?
Minha experiência maior
é com jovens e adultos, mas também tive situações engraçadas quando ensinei
para crianças. Uma delas pediu para eu morar com ela. Chamou a mãe para me
apresentar e pediu para ela me levar. A menina queria que eu entrasse no carro
pra me levar embora.
Um menino de uns 7
anos, veio até a mim com uma carinha de safado e disse “professora, você é
gostosa”. Imagina eu explicando para uma criança de 7 anos, que eu era a
professora dele, que isso era desrespeito e blá, blá, blá...
Na minha turma de
jovens, quando entrei na sala, me pediram para sentar. Quando sentei, uma das
minhas alunas se levantou e disse que ia interpretar a professora Vivian. Eu
amei!
Um americano
recém-chegado do Texas, foi contratado por uma escola que trabalhei. Ele
assistiu várias aulas minhas pra pegar o jeito de ensinar, já que nunca tinha
ensinado antes e não tinha formação na área.
Ele assistia só as minhas aulas, porque os outros professores faziam cara
feia. Depois dele assistir umas 10 aulas minhas seguidas, ele me disse “estou
aprendendo muito com você. Muita coisa que você falou eu nem sabia que existia,
e muita coisa que você falou eu usava de forma errada. Sou americano, minha
língua materna é o Inglês. Mas muita coisa da língua estou aprendendo com você,
inclusive como ser professor”. Fiquei pasma e ao mesmo tempo feliz. O tempo
passou, e nos tornamos amigos. Então, o convidei para participar de um
seminário que ministrei na universidade. Depois da minha apresentação, fiz uma
entrevista com ele para o público ouvir.
No começo desse ano,
estava ensinando para minha turma do Intermediate
1, quando de repente sofri um acidente na sala. Na hora foi ruim, mas hoje em
dia até rio. Quando eu virei as costas para colocar o CD, uma das minhas sandálias
arrebentou e uma taxa grande que prendia a tira da sandália, entrou quase toda
no meu pé. Na hora não senti dor, só um incômodo. Sentei e verifiquei a sola do
pé, então vi aquela coisa enfiada no meu pé. Meus alunos: “Eu arranco,
professora, eu arranco!” E eu dizendo “
Não! Vai doer e sangrar, ai meu Deus!”.
Depois desse-tira-e-não-tira, tomei coragem e tirei. Fiquei descalça no
trabalho, fui lavar o pé e depois disso fui direto ao posto tomar a vacina
antitetânica.
Como
você avalia o ensino de Língua Estrangeira no Brasil? É satisfatório?
Horrível! Começando
pelas escolas, que só se prendem nos aspectos gramaticais da língua e
compreensão textual. Os alunos não têm nenhuma chance de treinar o listening e o speaking. Estão tão acostumados com esse sistema, que estranham
quando um professor tenta mudar esse paradigma de ensino. O inglês se torna
algo tedioso, muito fácil de se passar, porque eles ficam vendo o mesmo
conteúdo várias vezes. Não se dedicam, porque não acham importante e assim vão
levando. Os alunos realmente que se preocupam vão procurar um curso de idiomas,
para aprender a falar. Coisa que não era para existir. Se as escolas oferecessem um excelente ensino
de língua inglesa, abordando todas as habilidades, não seria necessário ter
escolas de idiomas. Muitas escolas não valorizam os professores, não dão a eles
recursos para trabalharem, alguns até gastam do seu próprio salário para
melhorar suas aulas.
Muitos cursos de inglês
atualmente, valorizam mais o método que o professor. O professor se torna
apenas o instrumento para passar aquele método que eles acreditam ser o certo.
Muitos têm pouca liberdade para criar na sala, outros não têm nenhuma
liberdade. O professor tem que seguir aquele método robotizado, onde perde sua
identidade. Seguir regra, todos têm que seguir, mas serem robôs é outra coisa.
Por isso, muitas vezes preferem professores inexperientes ou sem qualificação
na área. Afinal, se eles têm pouca experiência e nenhuma qualificação, vai ser
fácil eles obedecerem esse método engessado sem contestarem. Isso acontece com
algumas franquias. Já os cursos não franquiados, o professor tem liberdade e
exigem mais a formação do professor. O professor deve ser ouvido com atenção
pela direção, deve ter espaço para dar suas opiniões e sugestões, pois não
existe ninguém que conheça os alunos mais que ele na escola.
Como
é o seu relacionamento com os outros colegas de profissão, costuma falar sobre
o assunto com outros professores?
Meu relacionamento com
eles é ótimo. Trocamos experiência e falamos também sobre a situação do ensino atualmente.
O
que você não faria na sua vida profissional, caso pudesse voltar no tempo?
Comecei minha carreira
quando era adolescente. No primeiro curso que trabalhei, fiz uma besteira.
Avisei a coordenadora que ia levar meus alunos para assistir um filme no
cinema. Eles queriam ver um determinado filme. Para agradá-los, aceitei. Então,
compramos o ingresso desse filme. Quando iniciou o filme, era um filme de
comédia com cenas picantes. Fiquei muito constrangida. Nenhum pai reclamou, mas
me senti mal. Depois desse dia, aprendi que temos que ver o conteúdo antes de
mostrar para os alunos. Se eu voltasse no tempo, jamais faria isso. Coisa de
menina iniciando a carreira. (risos)
Qual
foi o grande momento da sua vida profissional até o momento?
Não tenho “ o grande
momento”. Considero grandes momentos, todos que vejo o retorno dos meus alunos.
Quando os vejo se tornaram professores de inglês por causa de mim, fazendo
Letras por causa de mim, isso é maravilhoso. Nada como ver também um aluno que
odiava inglês, passando a amar inglês por causa de mim. Muito gratificante...
Alunos chorando quando
precisei sair da empresa, para fazer uma capacitação de professores, falando
que nunca mais terão um professor como eu. Alunos soltando frases na aula do
tipo: “agora sim estou aprendendo inglês” ou “já acabou a aula? Por que quando
a aula é boa o tempo passa tão rápido?”
Tive uma aluna especial
na sala. A mãe dela entrou na minha aula, e disse que a minha aula era a única
que a fazia ficar feliz, que eu era a única professora que a tratava bem. Nas
aulas que ela tinha na escola, ela ficava séria, com a cabeça baixa e triste o
tempo todo. Na minha ela sorria e queria participar. O retorno dos meus alunos,
notar que eles estão aprendendo, o carinho, o abraço, o beijo, os bilhetinhos,
as frases de carinho no quadro, os presentinhos inesperados, que fazem a minha
profissão ter grandes momentos.
Você
gostaria de deixar alguma mensagem para os leitores desse blog?
PARA
OS ALUNOS:
Pessoal, inglês não é
mágica. Não acreditem em certos métodos na internet que prometem milagres, e
também aqueles que existem em alguns lugares.
Escolha um curso que é mais a cara de vocês. Mas se dediquem. Não
adianta ir ao curso duas vezes por semana e abandonar tudo quando chegar à casa.
Assistam séries por diversão, mas também com o objetivo de estudar. Anotem
todas as palavras novas que encontrarem e repitam elas várias vezes em voz
alta. Assistam filmes e imitem os atores. Gostam de músicas? Ouçam e cantem com
o cantor. Divirtam-se com o inglês, brinquem com ele. Quando passarem a
enxergar o Inglês como algo divertido, tudo vai fluir com mais naturalidade.
PARA
OS PROFESSORES:
Sejam criativos,
dinâmicos e bem-humorados. Coloquem-se no lugar dos seus alunos. Como será que
você gostaria que suas aulas fossem se estivesse no lugar deles? Você pode
ensinar o que quiser, do fácil ao difícil, de uma maneira prazerosa e dinâmica.
Não importa a idade dos seus alunos, todos aprendem inglês com facilidade
quando estão inseridos em um contexto divertido.
PORTAL DA
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4 comentários:
Excelente contribuição para quem já está engajado na educação e para quem pretende entrar.
Congrats you are the best l really know about it.you are só funny and extroverted a wonderful girl, together we will be stronger.
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Thank you so much,guys! You're awesome! :)
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