Poucas palavras:

Blog criado por Bruno Coriolano de Almeida Costa, professor de Língua Inglesa desde 2002. Esse espaço surgiu em 2007 com o objetivo de unir alguns estudiosos e professores desse idioma. Abordamos, de forma rápida e simples, vários aspectos da Língua Inglesa e suas culturas. Agradeço a sua visita.

"Se tivesse perguntado ao cliente o que ele queria, ele teria dito: 'Um cavalo mais rápido!"

domingo, 29 de junho de 2014

Você sabe o que é o Common European Framework (CEFR)?



É um documento que tenta universalizar a descrição de desempenho linguístico dos aprendizes inglês. Em um dado nível, o aluno terá que ter certas competências, como entender pedidos simples, formular questões simples, etc. Não se fala em estruturas gramaticais, mas sim no uso social do idioma, o que o aluno, em certo nível, é capaz de fazer com ele. É importante ressaltar que várias universidades, organismos internacionais, empresas, e, é claro- escolas de inglês adotaram a padronização dada pelo CEF a fim de avaliar o nível linguístico de alunos e funcionários. A troca de nomes dos níveis é proibida, mas é permitido que se adapte a correspondência deles com os níveis, como básico, pré-intermediário, intermediário, pós-intermediário, avançado, proficiente.


 Veja a descrição abaixo:

A – Basic User (Usuário Básico)

A.1 – Breakthrough

Neste estágio, você é capaz de:
·         Apresentar-se e fazer o mesmo com outras pessoas.
·         Fazer e responder a perguntas pessoais simples, como: onde mora, o que faz, o que gosta.

A.2 – Waystage

Neste estágio, você é capaz de:
·         Dar informações pessoais básicas sobre a sua família, seu trabalho, estudo.
·         Fazer compras.
·         Trocar informações diretas sobre assuntos rotineiros conhecidos.
·         Falar, de forma simples, de sua formação profissional e educacional.
·         Falar da sua cidade, empresa, país, de forma simples.

B – Independent User- ( Usuário Independente)

B.1- Threshold
Neste estágio, você é capaz de:
·         Lidar com situações de viagem em um país estrangeiro.
·         Escrever textos simples de assuntos conhecidos e de seu interesse.
·         Descrever experiências, ambições, situações.
·         Justificar, de forma simples, as suas opiniões.

B.2 – Vantage

Neste estágio, você é capaz de:
·         Compreender aspectos concretos e abstratos de um texto, mesmo que sejam assuntos técnicos em sua área acadêmica ou profissional.
·         Consegue interagir com falantes nativos sem muitos problemas.
·         Tem condições de falar sobre vantagens e desvantagens de um tópico.
·         Produzir textos mais detalhados sobre vários assuntos.

C – Proficient User  (Usuário proficiente)


C1- Effective Operational Proficiency

Neste estágio, você é capaz de:
·         Interpretar textos mais longos e complexos, mesmo que tenham um sentido implícito.
·         Expressar-se claramente, sem procurar palavras ou expressões.
·         Usar o idioma facilmente para situações sociais, acadêmicas, diárias e profissionais.
·         Escrever textos claros, detalhados sobre temas complexos.


C2- Mastery

Neste estágio, você é capaz de:
·         Compreender quase tudo o que ouve e lê.
·         Condensar informações, fazer relatos e reconstruir textos de forma eficiente.
·         Falar e se fazer entender de forma eficiente, fluente e precisa.



sexta-feira, 27 de junho de 2014

ENTREVISTA COM O PROFESSOR PEDRO EUZÉBIO BRANDÃO.


O blog está de volta com as entrevistas. Muitos leitores mandaram mensagens pedindo mais postagens do tipo. Aparentemente,  esses questionamentos estão ajudando muitos alunos (de Letras ou não), potenciais professores de Língua Inglesa e profissionais experientes a refletirem sobre suas práticas e a se “acharem” na profissão.




Recebemos vários e-mails de pessoas que diziam que elas se sentiam mais motivadas por saberem que muitos profissionais bem sucedidos também passaram por situações diversas e não muito diferentes das suas próprias experiência. Situações essas que, “ajudaram a manter a motivação por saber que não acontecem somente conosco!”. Portanto, a(s) experiência(s) dos outros profissionais têm sido de bastante valia para nossos leitores e para o blog.


O entrevistado dessa semana (depois de algum tempo sem entrevistas) é um professor super entusiasmado, que ama aquilo que faz mesmo tendo que encarar os grandes desafios do dia a dia e a responsabilidade de educar outras pessoas. Pedro Euzébio Brandão nos fala um pouco das suas experiências em sala de aula, sua formação acadêmica e planos profissionais e muito mais.


Esperamos que curtam nossa entrevista com o professor Pedro Brandão (e estamos certo que gostarão!).





A entrevista foi enviada ao e-mail pessoal do professor Pedro, que autorizou sua publicação. Todas as imagens foram cedidas pelo professor.




01 – Poderia fazer um breve resumo da sua vida profissional e nos contar como se tornou professor de Língua Inglesa?

Desde sempre quis ser professor. Talvez por ter crescido em ambiente escolar, por minha mãe ter sido merendeira muitos anos e ter nascido no dia 15 de outubro, sempre senti que esta era minha vocação. Ingressei na Universidade Metodista de Piracicaba no curso de Letras com Licenciatura em Inglês em 2005 e já no final do primeiro ano comecei a atuar como professor de inglês. Desde então trabalhei em escolas de idioma e atualmente num colégio bilíngue e leciono em aulas particulares. Em 2009 tive minha primeira experiência no exterior, fazendo uma extensão do curso superior em Ohio e foi quando eu confirmei que ser professor de inglês era realmente mesmo o que eu quero fazer.




02- Por que você escolheu lecionar inglês? Já pensou, em algum momento, em mudar de profissão? Se sim, qual?

Embora pareça clichê, sinto que fui escolhido por esta profissão. Desde pequeno quis ser professor, mas não sabia que me tornaria um professor de inglês. Estudante de escola pública, fui ter aulas de inglês somente na antiga 5a série (hoje 6o ano) e com um professor bem ruim. Logo de cara eu peguei uma antipatia muito grande pela língua, e consequentemente comecei a apresentar maus resultados. Foi então que pedi à minha mãe que me matriculasse na única escola de inglês da cidade. Foi daí que eu vi o que era inglês de verdade.

Atuando como professor desde 2005 tramitando entre escolas de idiomas e hoje numa escola regular, posso dizer que quanto mais o tempo passa, mais desafiadoras e até desmotivadoras são as circunstâncias nas quais os professores têm tido que desempenhar suas funções. Isto me fez questionar algumas vezes (mais recentemente) o quão saudável é ser professor no Brasil. De qualquer forma, quanto mais eu penso mais eu vejo que eu não nasci pra fazer outra coisa, e todas as outras possibilidades acabam caindo em ensinar alguém a fazer algo. Eu gosto muito de design, restaurações, e artesanato em geral. Talvez se eu mudasse de profissão, esta estaria ligada em fazer qualquer coisa nesta área, desde que depois de profissional eu pudesse ajudar outros a fazer também.


03 – Quais são as maiores dificuldades no ensino de inglês na região onde você atua?

Acredito que as dificuldades na minha região não diferem muito da maioria das outras regiões pelo Brasil. Exceto problemas sociais como pobreza extrema e escassez de recursos naturais, minha região carece de um melhor tratamento aos educadores que tanto se esforçam para ensinar e educar alunos cada vez menos interessados e comprometidos. O baixo salário, os pseudobenefícios, a falta de investimento no desenvolvimento de uma carreira, a baixa qualidade e preocupação de investimento em coisas básicas como mobiliário, computadores, livros é algo que realmente me preocupa nesta profissão, na qual tenho muitos amigos nas mais diferentes diferentes esferas. 




04 – Como aprendeu inglês? Usou alguma técnica que você considera realmente efetiva? Falando em técnica, você tem alguma preferência por método ou abordagem?

Aprendi inglês porque na escola de idiomas sempre tive professores bons, que motivavam e mostravam que era possível aprender um idioma de forma divertida e produzir esta língua num país que não promove situações de prática e maior interação. Muito embora eu tenha um ouvido que absorve pouco, ainda me lembro das aulas de música e sessões de filmes no curso de idiomas que estudei. Aprendi muito, principalmente passando tardes em frente ao computador lendo as letras e vendo os clipes, até decorar tudo.

Sou interacionista e acredito que sem interação, não há objetividade em se aprender uma língua. Exatamente por isso defendo que não se deve ser extremista optando por uma única linha metodológica. Cada vez mais temos pessoas que aprendem totalmente diferente umas das outras, e acredito que se deve ser bem flexível quando se ensina uma língua. 




05 – Já viveu alguma situação bastante inusitada em sala de aula? Poderia compartilhar conosco?

Ser professor é padecer no inusitado. São tantas as situações engraçadas que fica difícil pontuar uma. Eu me lembro bem, no meu segundo mês no colégio, estava desenvolvendo uma atividade que falava sobre a família com alunos do 2o ano do Ensino Fundamental (7-8 anos)... eu pedi que eles desenhassem os respectivos pais, e que se não tivessem um, que desenhassem alguém que eles consideravam como tal. De repente o Fábio levanta a mão e pergunta se poderia me desenhar. Eu respondi que se ele me considerasse como um pai, que poderia. Preocupado e curioso, perguntei baixo pra auxiliar de sala quando ele tinha perdido o pai. Para minha surpresa, o Fábio tinha pai, um pai super presente e muito parceiro do filho e da escola. Esta situação me deixou muito balançado.

06 – Quais os planos para a vida profissional?

Vida acadêmica é meu projeto. Quero continuar trabalhando como professor da educação básica e também universitário na área de comunicação e/ou de línguas.




07 - Como você avalia o ensino de Língua Estrangeira no Brasil, é satisfatório?

Infelizmente o ensino de forma geral é bastante precário e não estimula pensadores. Quem aprende é guerreiro e quer realmente fazer a diferença. Isto é ainda mais evidente com a Língua Estrangeira. É engraçado pensar que o mercado de trabalho brasileiro cobre tanto uma língua estrangeira, mas o investimento nesta área, principalmente em escolas públicas, é tão baixo.




08 – Como é o seu relacionamento com os outros colegas de profissão, costuma falar sobre o assunto com outros professores?

Eu costumo dizer que a classe é ao mesmo tempo muito unida e desunida. A vida acadêmica propicia uma briga de egos constante e é triste perceber que quem não é egoísta é muitas vezes encarado como esnobe, oferecido, ou alguém que quer se aparecer o tempo todo. Posso dizer que tenho colegas assim, mas tenho muito mais colegas que sabem bem a diferença entre ser professor e educador. Estes educadores estão sempre compartilhando experiências, opiniões, dando sugestões, e o mais importante, ajudando um ao outro a atingir um nível e uma qualidade cada vez maior.



09 – O que você não faria na sua vida profissional, caso pudesse voltar no tempo?

Tudo exatamente como fiz. Talvez eu não tivesse demorado tanto pra começar meu mestrado.

10 – Qual foi o grande momento da sua vida profissional até o momento?

O meu grande momento foi quando, aos 22 anos, fui convidado para ser sócio em uma escola de idiomas pela qual tenho um amor infinito e tive que deixar este sonho para ir para o exterior dar continuidade aos meus estudos. Foi esta decisão e experiência que me fez compreender o quanto eu amo minha profissão e o quanto eu a levo a sério.

11- Você tem um blog, como surgiu a ideia do mesmo e qual o objetivo? Quais os desafios de manter um blog com tal conteúdo e qual o tamanho do “trabalho” de mantê-lo atualizado? Com que frequência você escreve no mesmo?

O blog é como um filho, que agora já está mais crescidinho e independente. A ideia do blog nasceu porque eu sempre amei escrever, e via nas minhas aulas que eu poderia contribuir muito mais com meus alunos com informações que os livros não trariam. O blog foi tomando corpo e vida, e exigindo cada vez mais de mim, pois sempre criterioso, eu sentia que não era só publicar coisas, mas que estas publicações exigem estudo e muita pesquisa. Por isto, tempo sempre foi o maior desafio. Hoje, quando passo um tempo sem postar algo, fico com a consciência pesada, como um pai moderno que não dá atenção para seu filho. E é engraçado que o blog tomou uma proporção que quando demoro pra postar, as pessoas me cobram. Além disso, passei a conhecer pessoas que moram em outros países e usam meu blog para estudar. Isto definitivamente não tem preço.

12 – Você se formou em Letras, qual a sua opinião em relação ao curso? É preciso mudar muita coisa para adequar o ensino “soberano” superior ao mercado de mudanças tão constantes?

Eu tive o privilégio de estudar numa universidade com raízes americanas que vê o ensino de idiomas com outros olhos. Começando pelo fato de dividir as licenciaturas, a grade de disciplinas do meu curso era de uma riqueza impensável. No entanto, poderia ter sido muito melhor se não houvessem o famoso vilão chamado “Custos”. Por ser um curso que não exigia proficiência na língua, muitas das aulas eram lecionadas em português, o que ao meu ver, deixaram um pouco a desejar no quesito formação profissional. Era uma oportunidade de remar contra a maré educacional e social brasileira e propiciar um ambiente onde inglês fosse segunda língua e não língua estrangeira. Mesmo assim, acredito que poucas universidades invistam numa grade como da UNIMEP, pois realmente é cara, mas certamente revolucionária.

13 – Como é Pedro Brandão professor e como foi esse mesmo Pedro aluno?

Eu sempre fui falante e engajado. Se me propunha a fazer algo, eu procurava fazer o meu melhor, nem que pra isto eu precisasse falar com o presidente da república. Isto ainda não mudou. Nunca fui “cdf” nem de ficar me matando de estudar às vésperas, mas sempre me interessei pela instituição escolar e pela situação sala de aula. Tive uma educação em casa que sempre me ensinou que o professor é figura máxima, e que portanto deve ser respeitado. Minha mãe sempre me ensinou que, sem passar pelas mãos de um professor, não existiria nenhum outro profissional. Mesmo com toda dificuldade de uma família bem humilde e talvez com problemas mais intensos do que de uma família convencional, minha mãe sempre foi extremamente parceira e presente na minha vida escolar. O maior sonho dela era que seus filhos fossem professores, pois ela quis ser mas não teve oportunidades. No entanto, onze anos depois das minhas três irmãs, eu fui o único que sempre gostou da vida acadêmica. É com este mesmo amor e educação que recebi da minha maior mestra que atuo e acredito na minha profissão. É assim que procuro educar meus alunos, mostrando que é possível atingirem seus sonhos com respeito e dignidade, cada qual com suas características que devem ser respeitadas.

14 – Você gostaria de deixar alguma mensagem para os leitores desse blog?

UM PROFESSOR EDUCADOR JAMAIS DESISTE. É possível que ele tenha que, em algum momento da vida, abrir mão de sonhos para continuar caminhando com respeito e dignidade nesta profissão tão desafiadora que é ser professor. É importante lembrar que um educador não é um mero transmissor de conhecimentos, mas é uma união de várias dádivas num único ser. É por isto que ser professor-educador é cansativo. É preciso pensar com várias cabeças, olhar com muitos olhos, e amar com um único coração com capacidade infinita de perdoar e considerar o próximo.


O blog PORTAL DA LÍNGUA INGLESA agradece sua cooperação e o tempo disponibilizado para nos ceder essa entrevista. Estamos certos de que suas respostas inspirarão muitos leitores desse espaço digital. Muito obrigado e boa sorte nessa longa jornada que é o ensino de Línguas Estrangeiras no Brasil.