Poucas palavras:

Blog criado por Bruno Coriolano de Almeida Costa, professor de Língua Inglesa desde 2002. Esse espaço surgiu em 2007 com o objetivo de unir alguns estudiosos e professores desse idioma. Abordamos, de forma rápida e simples, vários aspectos da Língua Inglesa e suas culturas. Agradeço a sua visita.

"Se tivesse perguntado ao cliente o que ele queria, ele teria dito: 'Um cavalo mais rápido!"

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Entrevista com o professor Jobson Barbosa.




A entrevista dessa semana é com o professor de Língua Inglesa, Jobson Barbosa, professor na cidade de Mossoró-RN com bastante experiência na área de ensino de Língua Inglesa como Língua Estrangeria. Esperamos que todos gostem da entrevista e curtam nossa página no Facebook.



1. Poderia fazer um breve resumo da vida acadêmica e profissional?


Vamos lá. Desde o Ensino Fundamental e Médio, sempre tive certa afinidade com a Língua Inglesa. Como muitos, o dia parecia mais claro e o ar mais puro quando era dia de aula de Inglês (sem exageros). Essas foram as razões pelas quais escolhi fazer vestibular para Letras. Lá, acabei tendo uma visão maior da Língua, principalmente do ponto de vista da Lingüística, e isso me motivou a estudar melhor o Inglês. Para isso, eu precisaria me sentir responsável pelo aprendizado, meu e de outros, foi então que me tornei professor. No final do curso, comecei a dar aulas como monitor do NEEL (Núcleo de Estudo e Ensino de Línguas) da UERN e, atualmente, trabalho no SENAC. Por fim, faço parte da turma do Curso de especialização em ensino-aprendizagem de LE pela UERN com previsão de conclusão para o primeiro semestre de 2012.


2. Por que decidiu ser professor? E por que língua inglesa?


Além da influência familiar (somos oito, sete de nós professores), vi a necessidade de por em prática aquilo que aprendi na graduação. Eu possuía muitos mitos sobre o ensino de Inglês que caíram por terra através de leituras, quis ver como a teoria se aplicava na prática e se funcionava. Além do mais, embora tenha trabalhado em outras profissões, o ambiente de sala de aula sempre me atraiu e como não se pode ser aluno para sempre, percebi que esta profissão me permitiria esse contato.


3. Quais os principais problemas e desafios encontrados por alguém que é professor de LÍNGUA INGLESA na região onde você atua?


No tocante aos professores da rede pública e privada, provavelmente os desafios estão associados a tentar criar um ambiente motivador e favorável ao aprendizado da língua, pois sabemos que a deficiência de conhecimento prévio dos alunos, associado com uma superlotação nas salas de aula, tornam-se grandes fatores que reduzem a afetividade tanto do aluno quanto do professor. Quanto às escolas de idiomas, vemos que o problema se dá ao fato de que poucas instituições levam em conta a experiência no ensino que o professor possui, e sim se ele já esteve em um país estrangeiro. Sendo assim, a confiança para o ensino de níveis avançados, dada aos profissionais, é inferior se comparada com aqueles que tiveram essa experiência, ou mesmo para nativos que aqui ensinam. Sobre o fator remuneração, é lamentável afirmar que certas escolas da nossa região não pagam adequadamente seus professores, tendo estes que se sobrecarregarem a fim de conseguir a renda que merecem.


4. Como você avalia a formação dos profissionais da sua área? Ela é satisfatória ou ainda tem que mudar algo?


Sendo sincero, acho que o curso de Letras de nossa Universidade necessita de uma repaginada. Atualmente, o perfil de boa parte dos alunos que entram nesta faculdade mostra que eles não possuem um conhecimento básico da Língua, até melhoram durante o curso, no entanto, não demonstram qualquer interesse em atuar numa sala de aula. Além disso, mesmo aqueles que entram com certo domínio da língua, se prendem tanto a este conhecimento que não buscam desenvolvimento em outras áreas, como a Literatura, Linguística ou a pesquisa. Reconheço que fui um destes que, enquanto aluno, dei maior ênfase a Língua em si, e que só demonstrei interesse maior por outras áreas após graduado.


5. Como é a relação entre os colegas de profissão? É difícil lidar com muitos professores de diferentes opiniões ou faz parte do ofício?


Bom, conheço muita gente na área de Idiomas em minha cidade e o que pude perceber é que há um bom relacionamento entre nós. Até porque geralmente os professores acabam tendo a mesma origem, que é o NEEL e de lá acabam se esbarrando em outras escolas e isso cria certo vinculo entre todos. Sei que em alguns casos isolados há a famosa competição entre colegas de trabalho, mas não sinto isso muito forte em nossa cidade.


6. E os alunos, como você avalia o desempenho dos alunos de idiomas na região onde trabalha?


Acho que em toda parte temos “alunos e alunos”. O fato é que a maioria dos professores de nossa cidade atualmente são alunos que frequentaram escolas de idiomas, tiveram um bom desempenho e tornaram-se professores delas em seguida. No entanto, temos alunos que sabem a necessidade de adquirir este conhecimento, até frequentam escolas de idiomas, mas não demonstram compromisso, faltam muito, põem o Inglês como a menor de suas prioridades e, por fim acabam atribuindo à Instituição seu não sucesso.



7. “Aprenda inglês em um ou dois anos”; “seja fluente em dois semestres” etc. esse tipo de propaganda parece ser clichê no mundo de curso de idiomas, o que você acha desse tipo de apelo para buscar alunos?


Acredito que este apelo se dá ao fato das pessoas quererem resultados em pouquíssimo tempo. Funciona assim desde produtos de emagrecimento até tratamentos médicos, as pessoas não querem esperar muito pelo que precisam. O que sabemos é que para aprender uma língua exige memória, contato e estudo. Creio que mesmo o melhor curso de idiomas não vai oferecer tudo o que você precisa saber sobre a língua em tão pouco tempo. De fato, os cursos de idiomas visam criar uma rotina de aprendizado, que deve se estender mesmo após o termino do curso pelo aluno.


8. Qual a importância de saber falar o inglês nos dias de hoje?


Difícil responder essa pergunta sem parecer início de semestre letivo (rsrsrs), mas a verdade é que em qualquer área que se trabalhe hoje em dia se está sujeito a interações com pessoas de outras nações, principalmente devido à aproximação causada pela internet. O mundo da informação está cada vez mais rápido, e nós como consumidores dela queremos tê-la o quanto antes, seja no trabalho ou lazer. A questão é que geralmente a difusão da tecnologia se utiliza de uma língua como ponte entre nações e pessoas, e a língua do momento é a Inglesa. Se você quer participar dos sites mais comentados, ser o primeiro a trazer uma notícia, ou seu trabalho depende desse imediatismo (e qual não depende hoje em dia) você precisará conhecer essa língua melhor.


9. Qual inglês devemos aprender, o americano ou britânico?


Depende, se você acha que no uso da língua você terá contato só com Americanos, então estude o americano, mas seu contato será maior com Ingleses, então aprenda o britânico. No entanto, se você acha que não vai poder escolher com qual nação vai interagir, melhor aprender o Inglês como língua internacional. O princípio básico da comunicação é que você seja capaz de entender e ser entendido, sendo assim, não importa se você está falando com um americano, britânico, canadense, sul-africano, australiano ou qualquer outro falante de Inglês como língua estrangeira, desde que haja compreensão mútua.


10.            Qual foi a situação mais difícil que você passou como professor de língua inglesa?


Não consigo lembrar um momento difícil, mas sim um marcante. Fui convidado pelo Departamento de Inclusão da UERN para atuar como Ledor de uma Prova de Vestibular de Língua Inglesa para um rapaz que possui deficiência visual. Naquele dia, eu tinha que ler toda a prova como ela realmente era, sem interferir nas escolhas do candidato. Não minto que fiquei preocupado se ele conseguiria identificar as alternativas corretas apenas pela audição, mas me surpreendi. Ele não só compreendeu bem e marcou muitas alternativas corretas, como também foi aprovado para o curso de Direito pela UERN. Aquele garoto me deu uma lição e tanto.


11. O governo incluiu a LÍNGUA ESPANHOLA ao currículo, você acredita que isso seja uma boa, pois os alunos terão mais opções, ou deveríamos primeiro melhorar a qualidade do ensino de LÍNGUA INGLESA para depois pensarmos em outras LÍNGUAS ESTRANGEIRAS?


Creio que a inclusão do ensino de Espanhol não atinge negativamente o de Inglês. No entanto, acho que a maneira como ambas as disciplinas são vistas deve sim ser melhorada. Os planejamentos pedagógicos deveriam incentivar as práticas linguísticas na escola com o propósito de capacitar os alunos para uma COMPREENSÃO mais ampla da língua, talvez, até no tocante ao desenvolvimento das quatro habilidades.


12.         Ensinar e testar, duas coisas completamente diferentes e que podem ser difíceis de lidar. Muitos alunos, às vezes, não sabem se estão sendo ENSINADOS ou apenas TESTADOS. Em sua opinião, como seria uma boa avaliação?


Eu acho que a avaliação é algo que deve ter o propósito de observar não quanto o aluno aprendeu, mas o que ele aprendeu. O obstáculo que existe é que as escolas de idiomas em si trabalham com o nivelamento, ou seja, o que o aluno já deve saber antes de ingressar no nível seguinte. Na prática, observamos que por vezes o aluno adquiriu aquele conhecimento momentâneo apenas para a avaliação, mas no nível seguinte ainda demonstra dificuldade naquele tópico. Aprender uma língua não é como ser aprovado no Ensino Médio, porém é difícil fazer nossos alunos refletirem não se tiraram a nota mínima para aprovação, mas sim se dominam aquilo que viram. Talvez uma boa avaliação não se baseie em números, mas sim em COMPETÊNCIAS, para mostrar a eles do que são capazes até então. Acrescento que se fosse possível abolir os períodos de avaliação por um método contínuo, com feedbacks que direcionassem o aluno para suas dificuldades apresentadas. No entanto, sei que isso aumentaria a carga de trabalho do já atarefado professor, mas talvez os resultados fossem mais positivos.

13. Qual mensagem deixaria para os estudantes de LÍNGUA INGLESA.

Sejam curiosos e sem-vergonhas! A língua que vocês decidiram aprender está por toda parte, cada leitura, filme, música ou jogo é uma oportunidade de você encontrar um vocábulo que será memorizado a partir daquela situação. Não se contentem com um significado dado pronto, busquem outras fontes, traduzam, comparem, sejam curiosos. Outro conselho: NÃO TENHAM VERGONHA! Cada diálogo é uma oportunidade impar de praticar a língua, não se acanhem em abordar aquele estrangeiro para tentar iniciar um diálogo, essa experiência vai lhe valer muito. Aprender algo complexo como uma língua é um desafio, depende muito de esforço próprio, pois sou muito grato a todos os professores que tive, mas boa parte da estrada apontada por eles teve de ser trilhada com meus próprios passos. E acreditem, caros estudantes como eu, por mais longo que este caminho seja, não há como negar suas recompensas.

Thanks, you guys! See you around...

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Um comentário:

T. disse...

Muito bacana a iniciativa. Já está nos meus favoritos.
Parabéns e obrigada.